sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Lisboa, do sonho à realidade

"Depois de LX60 - A vida em Lisboa nunca mais foi a mesma (D. Quixote, 2012), Joana Stichini Vilela, de 34 anos, voltou a produzir o que quer que seja "um objecto de prazer". Chama-lhe um bookazine - uma mistura gráfica e textual de livro e revista - que conta histórias da década que fendeu a História de Portugal, um caminho paralelo à auto-estrada da História e à via rápida do jornalismo. É lançado oficialmente este domingo às 16h30 na loja A Vida Portuguesa no Intendente, com um "comício imprevisto" de Nuno Artur Silva com os autores do livro."

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

"Há Vida Portuguesa na Ribeira"

"É uma Vida Portuguesa em ponto mais pequeno mas onde não faltam os produtos mais populares da loja, como os cadernos da Serrote e os sabonetes da Ach brito. Mas o que a distingue das outras é a localização. Está num mercado e por isso não lhe faltam os utensílios de cozinha e as cestas de ir às compras.

As novas imagens das caixas-cabaz são de um livro que pertencia à biblioteca do Marquês de Marialva. São figuras da Lisboa do século XVIII, nomeadamente comerciantes que vendiam exactamente as mesmas coisas que, passados cento e tal anos, A Vida Portuguesa agora vende (vassouras, abanadores, bases para tachos, cestas, etc.).

As sombrinhas de chocolate, a par da máquina de furos da Regina, das pastilhas Gorila e dos sabonetes Ach brito e Claus Porto, são os best-sellers da loja. O preço explica em parte este sucesso.

Esta é uma réplica das máquinas de furos da Regina nascidas nos anos 1940s e recuperadas em 2013 pela marca. Tem 140 furos que libertam bolas de cores diferentes, cada uma delas correspondente a um chocolate da Regina.

Tal como nas outras lojas, o mobili´rio foi todo comprado em estabelecimentos antigos. O balcão veio de uma perfumaria da Almirante Reis e as mesas de madeira eram da Livros do Brasil no Bairro Alto. "Foram passear ao Oeste e fomos comprá-las lá" conta Catarina Portas.

Para o Natal vão chegar muitas novidades e no futuro poderão existir produtos da marca A Vida Portuguesa exclusivos desta loja do Mercado."

Time Out Lisboa

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

"Cereja do Fundão em bom(bons)"

 "Cereja macerada em aguardente do fruto primaveril, numa ganache de cereja e chocolate branco, revestida de chocolate negro. Eis o bombom de cereja do Fundão, o mais recente e delicioso produto que resulta do repto apresentado pelo município da referida cidade da Cova da Beira ao chef chocolateiro António Melgão.

A embalagem – de 16 unidade – pode ser, para já, adquirida n’ “A Vida Portuguesa”, na loja gourmet do Jumbo das Amoreiras, na Portfólio do Aeroporto de Lisboa, e no Fundão. Uma excelente ideia para oferecer no Natal."

Patrícia Serrado
Mutante

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Uma jóia de património

No princípio, era uma inspiração na cabeça de Manuel Marques, que casou com a filha de um industrial mas decidiu encetar negócio por via própria e, vai daí, montou uma oficina na portuense Rua do Heroísmo. Consta ainda que a primeira criação veio de um fio de ouro que a esposa trazia ao pescoço na altura, e que ele terá derretido para lhe dar o seu cunho pessoal. Ela não há-de ter ficado muito desagradada e a produção prosperou, sob o precioso nome "Topázio" a partir daquele 1874, faz hoje 140 precisos anos. 

Entretanto, a empresa expandiu-se em Gondomar e o ouro deu lugar à prata, que continua a exportar para o mundo inteiro, com uma liderança segura. O segredo é o de sempre: a elegância que se revela nos detalhes, pelas mãos habilidosas que trabalham as matérias nobres e podem dedicar até um mês a cada peça que dali sai, passando pelas fases em que se molda, estampa e repuxa. Tudo é soldado, cravado, lixado e polido individualmente, com o mesmo esmero dos primeiros dias. 

Para assinalar tão redonda data, a Topázio pediu a 14 artistas que criassem outras tantas peças decorativas e a um realizador, João Botelho, um filme comemorativo que dá pelo título de "O Som da Prata". Mas a maior prova de solidez veio em Agosto deste ano quando, depois de um terrível incêndio nos armazéns, todos os funcionários da empresa arregaçaram as mangas para a reerguer das cinzas no prazo de uma semana (como mostra este vídeo da TVI), mostrando uma dedicação que vale ouro. Esta gente está mesmo de parabéns!

Prata da casa

"Tudo começou com Manuel José Ferreira Marques, que em 1874 fundou a Ferreira Marques & Irmão, proprietária da marca Topázio, e começou a trabalhar ouro, com as suas próprias mãos. Só na década de 1920 é que iniciaria o trabalho com a prata, e mais tarde, em 1934. Já depois da sua morte, iria ser fundada a Topázio. Durante o século XX a Topázio ganhou notoriedade como fabricante de produtos de "Arts de la Table" e de joalharia, introduzindo também o banho de prata. Quase um século e meio depois continua a ser uma marca de referência no sector em Portugal. Localizada em Gondomar, a fábrica cobre uma área impressionante de 4 mil metros quadrados e mantém uma capacidade de produção incrível. O "savoir faire", construído ao longo de quase século e meio é visível no espaço onde trabalham dezenas de artesãos, concentrados no seu ofício, como quem guarda segredos de mestria passados de geração em geração e onde algumas das máquinas remontam à década de 60 do século passado. Aqui não há correrias. Cada peça é única e segue um percurso diferente nas várias fases de produção, demorando por vezes centenas de horas a ser concluída. Continuando a ser uma empresa familiar, a administração da empresa foi substituída, há cerca de dois anos e meio, por uma nova equipa. Maria do Rosário Pinto Correia está agora à frente dos destinos da marca e fala da estratégia que a Topázio tem seguido, que passa, cada vez mais, pela afirmação da marca Topázio e pela aposta no mercado externo, para onde segue hoje "apenas" 32% da produção. Assim, o próximo capítulo poderá ser escrito noutra língua - tem todas as condições para se tornar numa marca de topo a nível mundial." 

Fora de Série, Outubro 2014
 "Sessenta homens trabalham, com afinco e mãos de artista as peças em prata que, mais tarde, irão para montras de lojas, prateleiras de coleccionadores, mesas de casas de família e até integrar as colecções de conhecidas marcas internacionais de vestuário e acessórios de joalharia. Na fábrica da Topázio, em Gondomar, perfilam-se artesãos seniores e alguns aprendizes de técnicas que demoram a dominar. Trabalhar metais, como a prata, faz parte da memória desta região do país e, outrora, deu emprego a muita gente."

Ana Sofia Santos, Expresso


"Aos 140 anos, numa semana Topázio renasce das cinzas"

"Empresa portuense, centenária na arte de trabalhar metais preciosos, a Topázio, assolada por um incêndio a um mês de comemorar os 140 anos, viu os trabalhadores arregaçar mangas para pôr tudo a funcionar numa semana. Prova de vitalidade de uma fábrica que começou com um simples fio de ouro e que até faz peças para Abramovich.

Onde antes se empilhavam peças de prata, agora jazem pelo chão. Onde cheirava a metal, é o odor a queimado a preencher o ambiente. Onde os artesãos se debruçavam na mesa enquanto moldavam obras de arte, agora olham para o teto enquanto pintam as paredes. Tudo mudou num ápice na fábrica da Topázio quando as chamas irromperam numa das alas do edifício. Um curto-circuito travou pela primeira vez a produção desta empresa do Porto, que há precisamente 140 anos se dedica ao trabalho em metais preciosos, especialmente na prata onde é a maior do País. Mas travou apenas, porque nada parou quando o incêndio deflagrou na madrugada de 30 de agosto. O choque inicial foi forte, mas de pouca dura. Ninguém quis ficar sem emprego e chorar pela desgraça: da administração aos trabalhadores, todos arregaçaram as mangas e das cinzas fizeram renascer a Topázio.
“Ainda não ouvi uma queixa, não vi uma má cara. Aqui todos arregaçaram as mangas para que a empresa não parasse. Que maior prova de vitalidade ao fim de 140 anos?”, questiona a administradora, Rosário Pinto Correia, que desliza despachada por entre a azáfama da reconstrução, sempre com o telemóvel na mão e um auricular no ouvido para o que der e vier: “O negócio não para”, diz ao DN.
A desgraça afetou apenas parte da empresa. O resto continua a funcionar, nomeadamente a moldagem das lâminas de metal. O espírito solidário estendeu-se a todos e as hierarquias diluíram-se. É ver a administradora a limpar casas de banho, a diretora de marketing a comprar pão e a organizar as refeições, os acionistas a pintar paredes, sempre com um sorriso nos lábios. “É um orgulho, é de ir às lágrimas de bom”, diz Rosário com emoção. É essa esperança que vai motivando todos para a Topázio não parar. Nos mais pequenos pormenores se vê o bom ambiente – nem que seja pela própria ementa da cantina, que apresentava um arroz… à Topázio, enfeitado com carne de porco, salsichas e pimentos para dar força para o trabalho de reconstrução.

Este espírito recupera as origens da fábrica fundada em 1874 na Rua do Heroísmo, no Porto, por Manuel José Ferreira Marques. Casado com a filha de um industrial, o fundador decidiu montar a sua própria oficina para pôr ao serviço as suas mãos habilidosas. Reza a lenda que Manuel Marques pediu à sua mulher o fio de ouro que trazia ao pescoço, o derreteu e transformou na primeira peça da empresa que nos anos 1930 passou a chamar-se Topázio.

Passado quase século e meio, o ouro passou à história e é em prata que se faz a liderança mundial da Topázio, exportando para todo o mundo. Uma visita à sala de exposição, na freguesia de Lagoa, em Gondomar, para onde se mudou nos anos 1960, revela uma imensa variedade de produtos em que apenas o prateado é comum às diferentes peças. Lá no canto mais distante da entrada, alinham-se uma série de menorás, candelabros habitualmente com sete braços. Mas não só: talheres, barcos, jarras, passepartouts, bengalas, salvas, bules, peças personalizadas – uma delas para o multimilionário Roman Abramovich -, que atingem preços exorbitantes, sejam banhados a prata ou maciços.
“O cliente pode comprar peças já feitas ou definir aquilo que quer. Se pretende um bule com uma tampa diferente, um bico de outra forma ou uma asa mais requintada, nós fazemos. Os diferentes componentes são produzidos separadamente e depois ligados conforme os desejos do cliente. Quase como se fossem legos”, explica a administradora.
Uma peça original demora “cerca de quatro semanas” a ser feita, esclarece Rosário Pinto Correia. Isto já depois de se ter decidido o que fazer.
“Validam-se as técnicas de produção, fazem-se os moldes, estampa-se e repuxa-se. É tudo soldado e cravado, lixado e polido. Há ainda os banhos e a secagem. Um mês é a média para se completar uma peça da Topázio”, diz.
Com o exemplo da empresa como mote, aqueles que compõem a Topázio vão terminando o levantamento da fábrica após o incêndio. Alimentados pela esperança – e também pelo arroz da cantina -, a produção é para continuar."

Bruno Abreu, Diário de Notícias

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

High Life in Intendente

"Former journalist Catarina Portas has taken over the warehouse of the ex-Viúva Lamego tile factory for the second Lisbon outpost of her cult design store A Vida Portuguesa. A flight of ceramic swallows on the ceiling welcomes you in to browse cool homewares, including Alentejo blankets."

Célia Pedroso for High Life magazine

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Tarde de novidades

Herman José e Vanessa Oliveira apresentaram um programa "Há Tarde" todinho dedicado ao que de melhor se faz em Portugal. Catarina Portas explicou como a máquina calculadora se tornou num dos objectos essenciais da sua vida, sempre na sua mala desde 2004, quando a jornalista que era começou a tomar o gosto aos números (para se tornar na empresária que haveria de ser). Levou consigo cabazes d' A Vida Portuguesa e algumas das marcas que, à procura de um espaço entre o comércio local e as grandes superfícies, foram "introduzidas a um público novo". E ainda teve oportunidade de falar nos novos lançamentos para o Natal de 2014: a mini-máquina de furos da Regina e a nova linha de colónias da Claus Porto, com uma imagem inspirada num "arquivo com mais de 120 anos".

Catarina Portas: "Estas são réplicas perfeitas das máquinas antigas. Havia um problema muito grande. Durante anos a Regina queria relançar a máquina de furos e embatia sempre num problema: era considerado um jogo de azar e tinha que lá estar um representante do governo civil para se fazer o furo. Mas depois lá alguém achou que não era bem assim, aliás porque não há azar, só há sorte, sai sempre alguma coisa. E este é o novo lançamento da Regina para este Natal, que é a mini-máquina de furos. Que se pode levar para casa, vem com os chocolates todos que são os prémios, que dão uma sobremesa óptima, um jogo para quando se tem festas de anos ou de Natal, é muito divertido e tem um preço bastante económico."

Herman José: "Era das coisas que eu mais gostava na vida, poder fazer estes furinhos. Mas fazia sempre batota porque ia com as minhas primas e dizia "não, eu é que vejo quais é que são as bolinhas que saíram a alguém". E quando saía a dourada era sempre minha.
Isto é um conceito absolutamente maravilhoso. O amigo telespectador repare neste delicioso grafismo e neste design dos anos 40/50 que passou a ser outra vez completamente contemporâneo. É tão giro, tão giro, tão giro."
Catarina Portas: "Outra coisa que nós vamos fazer em colaboração com a Regina este Natal é relançar o primeiro rótulo da Regina. É uma tablete linda, porque a Regina nasceu para ser chique, como o nome indica. Estas são dos anos 30, são os chocolates que fizemos com a Regina há dois anos, que dizem mesmo "chocolate confortável para os turistas" e eram exactamente assim, isto é um fax-simile."

Agua de Colonia Claus Porto

A nova linha na loja do Intendente.
Há as marcas que ficam presas no passado e depois há as outras, como a Ach Brito, que continuam a reinventar-se. Como prova a nova linha de Águas de Colónia Claus Porto, inspirada na sua história centenária mas adaptada aos dias de hoje: seis fragrâncias unissexo, que vão da frescura da menta à exuberância das mil e uma noites.Já descobriu a sua?

Agua de Colonia nº1 Bergamot & Vetyver: clássica e sofisticada, deixa um rasto intenso, elegante e timidamente envolvente.
Agua de Colonia nº2 Oriental Bloom: poderosa, atrevida e sedutora é a assinatura desta composição frutada e floral.
Agua de Colonia nº3 Arabian Wood: sob o signo da luxúria, um perfume quente que revela o mistério das mil e uma noites árabes.
Agua de Colonia nº4 Spearmint Tea: entre frescura e sensualidade, transparência e profundidade, esta fragância propõe um mergulho na natureza.
Agua de Colonia nº5 Geranium Sandal: doce e audaciosa, desafia os sentidos graças à combinação sublime da bergamota, do gerânio e do ylang.
Agua de Colonia nº6 Luxurious Ebony: a opulência do ébano e a sofiticação da bergamota provocam uma fragância única, vibrante e repleta de exotismo.

A Ach Brito é um modelo inspirador para quem queira abrir um novo negócio em qualquer parte do mundo. É a Monocle quem diz.

 

"CLEAN SWEEP
VILA DO CONDE

Company: Ach Brito
Location: Vila do Conde, Portugal
Founded: 1918
NUmber of employees: 50
Number of premises: 2
Family members involved: fourth-generation Aquiles Brito
Bestselling product: Citron Verbena Claus Porto bath soap

Quote: "It's important to start the next generation on the lowest rung of the ladder"


For Aquiles Brito (bottom, on right), the sweet smell of success is a daily occurrence. As the owner of family-run Portuguese soap maker Ach Brito, his typical workday sees him surrounded with the aromas of almond, honey suckle and wild orchid, a few of the scents offered in his brand's line of toiltries that well-groomed locals have used for generations.
"We've been through the Great Depression, World Wars and the (Carnation) Revolution with customers," says Brito, dipping his nose into a mixer to sniff the lemony notes wafting out of the machine. "It's an intimate relashionship - after all, our products end up in people's bathrooms."
Founded in 1918 by Brito's great-grandfather, the company's range includes bathing and laundry soaps, a popular lavender fragrance first sold in the 1920s and even a speciality soap made with pine tar for people who suffer from eczema. Tradition is taken seriously at the company, with several mechanical machines from the 1940s favoured over fancier automated production.
"There are no computer viruses to worry about," says Brito, pointing to a sorting machine with its engine hissing and thumping as it guides rectangular-cut bars along at a pedestrian pace for packaging. "We aren't after 24/7 production. Most soaps are still wrapped by staff. It goes from their hands to the customer's hands."
This approach has been a safe bet for the company's bottom line - revenues top €5m a year with the brand expanding overseas in recent years with its premium collection of Claus Porto bars made from natural ingredients, individually wrapped and sealed with wax.
Operating in a sector dominated by multinational conglomerates, Ach Brito's philosophy (and future) is grounded in its family set-up. "To prepare the next generation you need to be careful - they can be used tio having too much money," says Brito. "It's important to start them on the lowest rung of the ladder - they need to work at the warehouse and then move up."
With two sons it would seem that the future of brito's company is in good hands but the fourth-generation soapmaker doesn't have expectations. "I don't want to put any pressure on them to run the business; they have to decide. It's a company that was founded in 1918 and as the owner you feel an obligation to carry on this tradition. The family name is the company and consumers treat your products differently because behind it is a story and a family."

Family affair:
"Staying in the same family's hands has been a success for us. But while it's important to acknowledge our heritage as a strength, looking back on the past is not the way a business continues to be successful. Success is built on hard work, which requires us to constantly look for ways to improve." Aquiles Brito

terça-feira, 4 de novembro de 2014

"A really special shop"

"We finished our weekend break back in Porto with a visit to A Vida Portuguesa, a really special shop that is the brainchild of ex-journalist Catarina Portas, a passionate advocate of Portuguese brands. The shop is filled with products created and made in Portugal, often with original vintage packaging handed down through generations. We spent a happy hour browsing the stacks of brightly wrapped soaps and colourful notebooks, along with traditionally packaged olive oil, sardines and coffee." 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Ainda se vendem azulejos assim (também n' A Vida Portuguesa)

"Já não se fazem paredes assim. Na loja Cortiço & Netos há centenas de padrões que já não se fabricam e uma grande vontade de investigar a sua história.

Quando em 1979 Joaquim José Cortiço começou o negócio da compra e venda de linhas descontinuadas de azulejos industriais portugueses, provavelmente não imaginava estar a reunir um precioso acervo para memória e património futuros. Grande parte dos conjuntos sobreviveram ao encerramento das unidades que os fabricaram - como a mítica Fábrica de Loiça de Sacavém - e estão agora nas mãos dos netos de Joaquim José Cortiço, que se encarregaram de dar continuidade ao negócio do avô (que morreu em 2013). A loja Cortiço & Netos trouxe o espólio de Benfica para a Mouraria e juntou à actividade comercial a sua conservação, divulgação e investigação. Daí que os netos tenham decidido, em paralelo, criar a Associação para a Interpretação do Azulejo Industrial (AIAI).

"Não há muita informação sobre o azulejo industrial. O Museu do Azulejo conhece a nossa colecção e diz que tem bastante interesse", explica João Cortiço, um dos netos e um dos quatro irmãos que gerem o estabelecimento e todo este acervo. A pouca informação existente sobre esse tipo de azulejaria faz com que a quantificação, classificação e atribuição de um valor artístico seja difícil de estabelecer. "Contámos num primeiro inventário informal 900 padrões diferentes. Mas provavelmente serão mais". Na loja estarão representados cerca de 100, de uma colecção que abrange azulejos produzidos entre os anos 1950 até à altura em que a maioria das fábricas fechou, nos anos 1990. "Gostava muito que se fizesse essa investigação: como é que se pode passar dessa produção para uma quase não existência, em menos de 15 anos?", desabafa. As paredes da Cortiço & Netos vão lembrando esses tempos de glória da produção de cerâmica exibindo também quadros com recortes dos nomes de antigas fábricas. Além disso, a família esforça-se por manter as colecções, adquirindo peças em falta e reservando, pelo menos, 22 exemplares do mesmo desenho, um para amostra e os outros para o padrão. Está ainda para breve a criação de uma base de dados, com o registo fotográfico dos azulejos e sua organização por categoria, data e fábrica de origem. 

São, de resto, estas as bases de tudo e as de 15x15, tipicamente portuguesas, as de 20x20 e as de 11x11 as jóias da coroa, segundo João Cortiço. As decorações de cada azulejo também variam, indo desde as reproduções dos desenhos mais tradicionais, azuis e brancos, aos padrões gráficos e geométricos, coloridos ou monocromáticos. A sua autoria é desconhecida, mas os irmãos Cortiço, que têm quase todos formação na área do design e da ilustração, suspeitam que tenham sido os próprios arquitectos a desenhá-los.
 
Reinterpretação
Apesar do interesse histórico, a Cortiço & Netos não quer ser um depósito patrimonial. A ideia é revitalizar o uso destes azulejos. E isso começa logo com os pedaços que muitas vezes se partem no transporte entre o armazém, situado em Alenquer, e a loja, em pleno centro lisboeta. "Usamos uma máquina de corte para dividir em quatro e retirar os quadradinhos pequenos que saem inteiros". João Cortiço refere que, por vezes, é possível isolar um detalhe do azulejo nesse processo e que os turistas - os que actualmente mais visitam o espaço - chegam a levar 10 destes, de cada vez. À procura de pormenores que enriqueçam os seus projectos com um toque de autenticidade vão também muitos arquitectos e decoradores de interiores. Já a maioria dos clientes particulares nacionais continua a procurar os azulejos para pequenas reparações e substituições: alguns deles fregueses antigos, ainda do avô Joaquim José Cortiço.

Jóias da Coroa  
Tabuleiros de madeira forrados a azulejos, combos de quatro quadrados diferentes, bases para copos e para quentes e, mais recentemente, mesas com tampo em azulejo são alguns dos produtos que a loja vende, além das unidades avulso."

Os netos do senhor Cortiço na Time Out


domingo, 2 de novembro de 2014

A CASA DELES entre os "lugares, objetos e ideias" que a revista VISÃO gosta de descobrir:



"CASAS SÃO PEQUENOS MUNDOS. Mariana Pestana (arquiteta) e Pedro Lino (realizador de cinema) registaram o bairro piscatório de Silvalde, junto ao aeródromo de Espinho, sob a forma de pequenos postais. O projeto, intitulado A Casa Deles, à venda nas lojas A Vida Portuguesa do Porto e Lisboa (€3), pretende "celebrar a arquitetura espontânea" das casas onde sobressaem padrões de azulejos e santos por cima das portas. "Casas são pequenos mundos, dispositivos que por fora dizem do que somos por dentro e do modo como podemos usar isso para comunicarmos uns com os outros" escreve, neste projeto, o geógrafo Álvaro Domingues."

À venda nas lojas A Vida Portuguesa.

e no P3


 "A Casa Deles" também é "arquitectura ingénua" da vida portuguesa. Este pequeno livro desdobrável revela um conjunto de fotos de várias casas do bairro piscatório de Silvalde, Espinho.

A ideia começou a desabrochar quando a arquitecta portuguesa Mariana Pestana estava a fazer uma caminhada por um pequeno bairro durante uma visita espontânea. Os padrões que compunham as casas, que lhe eram até então desconhecidos, chamaram-lhe a atenção.

Silvalde é uma freguesia no sul de Espinho. Nos seus limites encontra-se um pequeno bairro piscatório desconhecido para muitos, mas que já foi referido num texto do autor Ramalho Ortigão, "As Praias de Portugal", em 1876.

A arquitecta começou a visitar este local mais vezes. Após um registo fotográfico, Mariana juntou-se ao cineasta Pedro Lino e ao Professor Álvaro Domingues num pequeno projecto. Assim, este grupo criou o pequeno livro, intitulado “A Casa Deles” (“Their House”, título em inglês).

Este pequeno livro desdobrável tem 13 x 90 cm e apresenta um conjunto de imagens dessas casinhas. “A ideia do desdobrável tem a ver com uma referência aos postais, que usualmente mostram edifícios que representam cidades ou culturas. Estes postais mostram edifícios que normalmente ficam à margem das representações dominantes”, explicou Mariana ao P3.

Pedro e Mariana mais tarde entraram e contacto com a ex-jornalista Catarina Portas (fundadora das lojas A Vida Portuguesa). A empresária mostrou-se receptiva ao projecto, estando os seus livros neste momento à venda nas suas lojas.

As casas que compõem as imagens têm um padrão que se repete de casa para casa, padrão esse que consiste num diálogo entre elementos tradicionais e outros caracterizados como sendo “massificados, urbanos, anónimos”. Ainda assim todas as casas são distintas umas das outras: algumas têm inclusive um santo à sua porta. 

"Arquitectura ingénua"
Mariana vê a composição destas casas como sendo um tipo de “arquitectura ingénua” que “entra naquilo que é o imaginário da vida portuguesa”.

O autor do texto que acompanha as imagens é Álvaro Domingues, geógrafo, professor da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e investigador no CEAU-Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo. Muitas das suas publicações debatem temas tais como a geografia urbana, o urbanismo e a paisagem.

A Vida Portuguesa trata-se de uma loja que está intimamente ligada à revitalização de marcas tradicionais portuguesas. Surgiu pela primeira vez com o nome Uma Casa Portuguesa em Dezembro de 2004, renascendo em Maio de 2007 com o seu nome actual. Tem lojas em várias localidades e entre alguns dos seus produtos estão, os sabonetes da Confiança, as andorinhas da Bordalo Pinheiro, os lápis da Viarco, os cadernos das marcas Emílio Braga, entre outras marcas.

Mariana Pestana é arquitecta de profissão, estando actualmente a residir em Londres, onde costuma desenvolver actividades debruçadas sobre as áreas de arquitectura e curadoria/editorial. É a fundadora do grupo The Decorators que se dedicam a desenvolver diversos projectos de Arte Pública. Foi curadoras da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2013, com a exposição “A Realidade e Outras Ficçōes” e foi uma das participantes na representação portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza 2014.

Pedro Lino é cineasta também residente em Londres. De acordo com o seu site, muito do seu trabalho está “enriazado no desejo de explorar mundos singulares e imperfeitos”. Muitos dos seus filmes de animação e documentário, foram exibidos e premiados em vários festivais. Além de filmes foi também autor de várias capas de discos para a editora discográfica Bor Land."