terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Laboratório de cerâmica

Aos seis anos ("mal sabia escrever" como nota a própria), já assinava peças de cerâmica, e aos nove já era aprendiza da arte de Herculano Elias. Era óbvio para todos à sua volta que o futuro da pequena Elsa, cozinhado desde cedo na fábrica do pai Rebelo, nas Caldas da Rainha, havia de passar pela cerâmica. E vem-lhe o sorriso ao rosto quando relembra as férias de Verão, em que se entretinha a trabalhar o barro para "criar peças que depois vendia para as guloseimas". Crescendo, decidiu-se a estudar à noite para poder continuar a aprender, durante o dia, com o mestre de olaria Armindo Reis, e dar forma àquela vocação que lhe estava na massa do sangue. Também se interessou pela pintura, fez diversos workshops e tornou-se artista plástica. Leccionou técnicas decorativas durante 10 anos, vê na escultura "um interesse a explorar" e até instalou em casa um pequeno laboratório que lhe permite ir materializando a inspiração, independentemente da hora a que ela lhe surja. Foi ali que criou estas belas e coloridas peças, únicas e exclusivas, à venda na loja A Vida Portuguesa do Largo do Intendente. Elsa Rebelo não consegue parar nem nas horas vagas, que sobram a esta que se vem tornando numa das maiores especialistas de cerâmica em Portugal. Nas horas que lhe são vagas, dizíamos, em que não está ocupada a ser Directora Artística da fábrica da Bordalo Pinheiro.

Hansi Staël

Uma cidadã do mundo: nasceu em Budapeste, estudou em Viena, morou em Estocolmo, faleceu em Londres. Mas entre os anos de 1946 e 1957 a artista plástica húngara Hansi Staël von Holstein fixou residência em Portugal, onde havia de fundar o Estúdio Secla, na fábrica das Caldas da Rainha. A partir dali, deu um contributo notável não só à cerâmica - com uma abordagem inovadora, chamando o contributo de artistas à produção corrente e dando-lhe projecção internacional - como à arte portuguesa. Por essa e por outras, dedicou-lhe Rita Gomes Ferrão uma investigação apurada que passou a livro, disponível n' A Vida Portuguesa do Largo do Intendente.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Porto de vanguarda

E nós, que nem sabíamos que a Emma Watson tinha ido à loja do Porto! Valha-nos a revista de fim-de-semana do El País: "Madonna, David Beckham y Pippa Middleton presumen de sus zapatos de la firma Helsan. Benedict Cumberbatch (el protagonista de la serie Sherlock) ha decorado su hogar con aparadores del estudio Bat Eye. Emma Watson ha sido vista recorriendo los pasillos de la boutique A vida portuguesa, donde se dejó seducir por los productos típicos del país. 

¿Qué ha hecho que las celebridades (o sus asistentes) y los amantes del diseño amplíen su ruta de compras hasta Oporto? Sencillo, la segunda ciudad del país vecino se ha impuesto en el mercado gracias a su renovada artesanía. Sus creadores son los responsables del aumento de las exportaciones. Es más, según el Banco de Portugal, éstas crecieron un 24,2% en los últimos cuatro años y se prevé un aumento del 4,2% en 2015 y del 5% en 2016. Es el momento de pasear por sus calles para descubrir las nuevas direcciones que han provocado que todo el mundo desee regresar a esta ciudad una y otra vez. (...)"

S Moda, El País. O artigo na íntegra, aqui.

Lembrar Bordalo

Nasceu em 1846, Rafael Bordalo Pinheiro, numa família de artistas lisboetas. Quis ser actor nos palcos, mas foi afinal actor crítico de uma sociedade nas páginas das revistas que criou como A Berlinda, A Lanterna Mágica, o António Maria ou A Paródia. Desenhador, gráfico, ilustrador e caricaturista, deve-se-lhe a criação da figura do Zé Povinho. Em 1883, fundou a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, onde, até à sua morte, em 1905, tenta um projecto artístico invulgar de investimento industrial e, simultaneamente, de procura de um certo espírito de ser português.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Orquídea - Casa de Ourives

Esta história começa com um Mestre Ourives e Joalheiro, de nome Silva. A partir de 1961, e por cinquenta anos, numa oficina dotada de punção de fabrico, em Gondomar, se dedicou a criar e vender, para o país inteiro, peças de ourivesaria que eram diversas mas sempre belas. No entretanto, teve uma filha, a que chamou Orquídea, e que havia de crescer por ali, entre as tenazes e os maçaricos. Quando chegou a altura de estudar, a pequena quis escolher outro caminho e cursar Belas Artes no Porto. Mas na hora de encontrar trabalho, percebeu o óbvio: que o seu ganha-pão, estímulo e força tinham estado sempre ali, entre o ouro e a prata. Começou a criar as suas próprias peças, que um dia se lembrou de levar à nossa loja do Porto, na esperança de mostrar a Catarina Portas umas belas andorinhas em pendentes de prata. O encanto foi imediato, aquele bando já não saiu dali e seguiram-se encomendas que também haviam de levar às demais lojas gaivotas em voos rasantes, num prodígio de movimento e simplicidade. Senhoras e senhores, eis "Orquídea - Casa de Ourives".