segunda-feira, 29 de março de 2010
A traçar o futuro
"Mora numa caixa de cartão feita à medida. Devidamente acondicionado, religiosamente protegido, guardado no escritório da empresa. José Miguel Araújo, gerente da Viarco, a única fábrica de lápis do país, situada em São João da Madeira, retira com todo o cuidado o reclame luminoso de um refúgio de décadas. O reclame da década de 1930. O lápis que glorifica a indústria nacional é o slogan encaixado entre os vidros emoldurados numa estrutura de madeira rectangular. A frase ganha cor quando a ficha se liga à electricidade. O nome Viarco também."
Não queremos um museu para ficarmos agarrados ao passado, mas sim para utilizá-lo em benefício do futuro, revela (José Miguel Araújo). O espólio existe, o espaço também e temos a possibilidade de mostrar um património que é de todos, que faz parte da memória colectiva. (...) Poderemos ter a maior colecção de lápis do mundo nesse museu.
E enquanto o museu não chega, a Viarco vai organizando exposições como Um Século, Dez Lápis, Cem Desenhos. Para ver em São João da Madeira, na torre da Oliva, até 17 de Abril. "Dez lápis circularam por mãos de artistas durante três anos. Paula Rego, Joana Vasconcelos, Siza Vieira, Ângelo de Sousa, Pedro Cabrita Reis, Miguel Vieira, José Emídio, Graça Morais. Noventa e quatro artistas para perto de cem desenhos numa exposição que foi inaugurada no museu da Presidência da República em Outubro do ano passado, que passou para São João da Madeira e prepara-se para circular pelo país."
"A Viarco está constantemente a inovar: a sua linha ArtGraf, com aguarela de grafite e bastão artesanal de grafite aguarelável, são inovações mundiais. Os novos produtos da Viarco estarão no MoMA, no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, a partir de Maio, inseridos numa exposição de produtos portugueses. Mas há fortes possibilidades de posteriormente integrarem a exposição permanente da loja do museu norte-americano. E já há contactos para que a nova linha da Viarco chegue ao MoMA do Japão. Recentemente, a empresa lançou para o mercado os Soft Carbon, lápis muito semelhantes aos de carvão tradicional, mas macios no contacto com o papel, envoltos numa embalagem com design vintage. E ainda há edições contadas. Viarco Silkscreen Séries, 24 lápis de cor aguareláveis, são uma produção limitada a 1500 unidades com uma embalagem em cartão serigrafado."
Foi assim que a Viarco abriu o seu baú de preciosidades à Pública que saiu ontem para as bancas mas que também se pode encontrar aqui. O relato é de Sara Dias de Oliveira, as fotografias de Paulo Pimenta. O futuro da Viarco desenha-se a lápis de cor.
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