terça-feira, 10 de maio de 2011
Os sete amigos de Bordallo
Para comemorar os 125 anos da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, foi pedido a sete artistas contemporâneos portugueses que criassem uma edição limitada de peças comemorativas. Ana Garcia Martins foi ver o resultado.
Rafael Bordallo Pinheiro foi um homem dos sete ofícios. Da sua mente e das suas mãos saíram trabalhos como ceramista, escritor, actor, ilustrador, caricaturista, pintor ou figurinista. Morreu há 106 anos, deixando atrás de si uma obra vastíssima. Um dos maiores projectos foi a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, onde nasceram peças emblemáticas como as andorinhas, as fruteiras e os pratos em forma de couve, ou as lagostas de loiça. (...)
Para comemorar os 125 anos da Fábrica de Faianças, foi pedido a sete artistas contemporâneos portugueses que criassem uma edição limitada de peças comemorativas. O esultado esteve em exposição no Museu do Design e da Moda (MUDE) em Lisboa, e as peças estão agora à venda no Porto, na loja A Vida Portuguesa (...).
Bela Silva, Catarina Pestana, Elsa Rebelo, Fernando Brízio, Henrique Cayatte, Joana Vascncelos e Susanne Themlitz foram os nomes que contribuíram com criações. "Não interferimos no processo, apenas lhes foi pedido que utilizassem os moldes originais de Bordallo Pinheiro e que, a partir daí, reinterpretassem a sua obra. Não podiam ser peças que não tivessem nada a ver, era preciso ir ao ADN e intrepretá-lo. A ideia era fazer uma homenagem a Bordallo Pinheiro", diz Nuno Barra, director de Marketing e Design dos negócios de cerâmica, cristal e vidros do grupo Visabeira (detentor da Fábrica de Faianças).
O resultado foram sete peças decorativas ou utilitárias, numeradas e com certificado, num total de 125 exemplares de cada, e valores a variar entre os 350 euros (o "Cactus" de Susanne Themlitz) e os 2100 euros (o centro de mesa "Dueto", de Joana Vasconcelos).
Depois de anos caídas no esquecimento, as peças Bordallo Pinheiro voltaram a ter uma procura notável, marcando presença em várias lojas. Para Nuno Barra, este novo interesse pelas peças deve-se ao valor histórico da marca. "As pessoas redescobriram Bordallo Pinheiro. Durante muito tempo, as peças estiveram associadas a ambientes muito rurais, e as pessoas não se identificavam. Mas depois, aos poucos, começaram a perceber que havia um legado cultural e artísticos, e que havia muita história por detrás das peças, que são únicas e extremamente diferenciadoras. Para além disso, há uma crescente procura de coisas revivalistas e mais naturalistas."
Com muitos moldes ainda por catalogar nos armazéns da fábrica é muito provável que continuem a surgir peças inéditas. "Bordallo Pinheiro deixou-nos uma obra vastíssima."
A Vida Portuguesa.
R. Galeria de Paris 20, 1º andar.
tel. 222 022 105."
Time Out Porto, Maio 2011.
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