quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

"Mantas de ontem feitas hoje"



"Há muitas boas razões para ir a Reguengos. Uma delas é a Fábrica Alentejana de Lanifícios, mais conhecida como a Fábrica das Mantas, onde ainda se podem ver antigos teares de madeira manobrados por mulheres que fazem mantas tradicionais de lã merino com padrões que remontam aos mouros. Monsaraz chegou a ter quatro fábricas destas com mais de 20 pessoas cada. Agora são apenas quatro mulheres mas vale a pena ficar à conversa com a proprietária Mizette Nielsen, de passaporte holandês, alma alentejana e 72 anos de uma vida de aventuras. 

Ela e o ex-marido, Gil Kaalisvart, são um ex-líbris de Monsaraz. Antes de os conhecer é certo que já se ouviu, num café ou numa loja, que Mizette criou a primeira agência de modelos, em Lisboa, a Juno, nos anos 60, e foi das primeiras mulheres a usar calças e minissaia. Ou que o ex-marido Gil, escultor, veio para Portugal num veleiro holandês e os dois se apaixonaram um pelo outro e pelo Alentejo.

Mizette gosta da história das mantas, de como passaram das costas dos pastores para a cobertura das camas e se converteram em tapetes. "Sabia que cada rebanho tinha um soar próprio nos sinos dos animais e cada ovelha um tinir único para o pastor conseguir identificar cada uma pelo som?", interroga com um sotaque cerrado.

A manobrar o tear encontramos Fátima. Está há 12 anos na fábrica e conhece o tear como a palma das mãos. Com gestos certos empurra a queixa e carrega nos pedais para fazer passar o pente com os fios para um lado e para o outro. Dantes era trabalho de homens mas agora são elas que conduzem os fios da trama."

AZ-ZAIT, a revista da casa do Azeite, à descoberta de Monsaraz.
As mantas alentejanas estão disponíveis e podem ser encomendadas na nossa loja online.

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