Alturas houve em que as moças das diferentes proveniências do país se reconheciam por diferentes marcas - como a ostentação de ouro. As de Nisa, que começavam a trabalhar a agulha muito novas, sabia-se serem dali pelo seu trajar. No contexto do bordado português, quando se fala em Nisa, fala-se de um caso à parte, tantas são as técnicas de transformação e ornamentação têxtil - com os mais variados fins, técnicas de execução, tecidos, motivos e até palete cromática.
Com expressões sempre inspiradas, dos alinhavados aos desfiados, de um desenho mais infantil a outro mais elaborado, do bordado europeu à tecelagem tradicional, ou até dos caramelos ao bordado “de faixa”. Este, é reinventado agora pelo projecto “Kitty Olive”, que aplica a malas e carteiras uma técnica ancestral, de inspiração floral, que enfeitava cobertores mas depressa se estendeu às rodas das saias das camponesas, às capas dos pastores ou a reposteiros brasonados.
Favorável a tecidos mais grossos, como o feltro de lã, ganha vida com a aplicação de recortes decorativos e contrastantes com o tecido de base. E é feita ainda hoje por mestras artesãs cujas mãos continuam a provar ser verdadeiras as palavras do escritor Raul Proença: “rendas e bordados, em que as nisenses são exímias, abrindo caprichosos desenhos e variados pontos de agulha do mais perfeito acabamento”.
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