"O Grupo Vista Alegre Atlantis é composto por quatro unidades fabris: a
fábrica de porcelana, a de cristal e vidro, a de loiça de forno e a de
faiança. Quando fundou a Vista Alegre, José Pinto Basto criou uma série
de infraestruturas (bairro social, infantário) que, no próximo ano,
devem dar lugar a um hotel de cinco estrelas.
É uma das marcas mais carismáticas de Portugal. Ao longo de 190 anos
de existência, a Vista Alegre (VA) destacou-se pela qualidade das suas
porcelanas, reconhecida mundialmente, e por conseguir acompanhar as
tendências do mercado, equilibrando a tradição e a modernidade. Uma
fórmula de sucesso que leva a marca à mesa de grandes celebridades no
mundo todo.
Quase dois séculos de história dão à VA “a credibilidade e o
prestígio que poucas marcas têm. Não é comum em Portugal uma empresa
aguentar 190 anos no mercado e continuar a ser uma referência”, refere
Nuno Barra, diretor de marketing e design externo da Vista Alegre.
Entrar em guerras de preços numa foi uma pretensão da marca, que primou
sempre por manter um produto de qualidade. Daí que cerca de 20% da
produção seja destruída, por não obedecer às exigências.
O reconhecimento de “Real Fábrica de Porcelana” logo após a sua
fundação, pelas mãos de José Ferreira Pinto Basto, é, sem dúvida, um
marco na história da VA, que começou por ser uma fábrica de vidro, até à
descoberta do segredo da porcelana. Pinto Basto recrutou técnicos de
outros países, onde já existiam fábricas, o que lhe permitiu desenvolver
o negócio rapidamente. O crescimento manteve-se ao longo de largas
décadas. No ano de 2001, a VA e a Atlantis deram origem ao Grupo Vista
Alegre Atlantis, adquirido em 2009 pelo Grupo Visabeira.
Antes de integrar o grupo, a VA somava prejuízos que ultrapassavam os
18 milhões de euros. Adivinhava-se o fim de uma marca histórica. Com o
terminar da dinastia familiar e a integração no grupo há “uma aposta na
internacionalização e na comunicação, reestruturação, desenvolvimento do
produto e renovação da rede de lojas”. Coube à Visabeira “manter o grau
de exigência e reforçar o posicionamento da VA como marca premium”.
Fornecedora oficial da Presidência da República Portuguesa, a VA
abastece, ainda, diversas casas reais, embaixadas e até a Casa Branca.
Com a produção de porcelana doméstica, decorativa e hoteleira a marca
consegue chegar a vários segmentos de mercado.
Enquanto outras marcas de porcelana deslocalizaram a produção para a
Ásia, por exemplo, “com prejuízo para a qualidade”, como adverte Nuno
Barra, a VA continua a produzir todos os produtos em Portugal. O
principal mercado externo é Espanha, mantendo-se a aposta dos últimos
anos no Brasil, onde a marca já está presente em 250 lojas premium.
Atualmente, 56% da produção é exportada.
A aposta nos mercados externos tem sido uma estratégia para contornar
a crise que se vive no País. “Quando apostámos na internacionalização,
houve um mix de mercados que ajudaram a que a crise não tivesse tanto
impacto. Vendíamos muito cristal para a Grécia, por exemplo, e o país
caiu. Mas compensámos com o crescimento noutros países, como o Brasil”,
explica o diretor de marketing. Para suportar essa aposta na
internacionalização, “o desenvolvimento do produto sofreu alterações e a
fábrica abriu-se para o exterior com a colaboração de designers e
artistas estrangeiros”. A parceria com a marca de luxo Christian Lacroix
surge, precisamente, com o objetivo de impulsionar essa estratégia.
Presença assídua nas feiras internacionais, “nos últimos anos a VA é
vista como aquela que apresenta mais novidades todos os anos”.
Nuno Barra não tem dúvidas de que a tradição e a história da marca
têm um peso bastante significativo no mercado. E mais: “Assiste-se a um
movimento internacional: as novas gerações precisam de se agarrar a algo
com que se identifiquem e, por isso, agarram-se às tradições,
reinventando-as.”
Entre os projetos para o futuro, o diretor de marketing e design
externo destaca “a construção de uma fábrica em parceria com o IKEA para
a produção de peças de grés, o projeto turístico para a zona da fábrica
que abrange um hotel de cinco estrelas e ainda o projeto de vendas
online para o mundo todo”. Os administradores acreditam que a venda
online poderá sustentar o processo de internacionalização da marca."
JOANA CAPUCHO
Diário de Notícias
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