quinta-feira, 14 de maio de 2015

"Louça que leva Portugal às mesas do mundo"

"O Grupo Vista Alegre Atlantis é composto por quatro unidades fabris: a fábrica de porcelana, a de cristal e vidro, a de loiça de forno e a de faiança. Quando fundou a Vista Alegre, José Pinto Basto criou uma série de infraestruturas (bairro social, infantário) que, no próximo ano, devem dar lugar a um hotel de cinco estrelas.

É uma das marcas mais carismáticas de Portugal. Ao longo de 190 anos de existência, a Vista Alegre (VA) destacou-se pela qualidade das suas porcelanas, reconhecida mundialmente, e por conseguir acompanhar as tendências do mercado, equilibrando a tradição e a modernidade. Uma fórmula de sucesso que leva a marca à mesa de grandes celebridades no mundo todo.

Quase dois séculos de história dão à VA “a credibilidade e o prestígio que poucas marcas têm. Não é comum em Portugal uma empresa aguentar 190 anos no mercado e continuar a ser uma referência”, refere Nuno Barra, diretor de marketing e design externo da Vista Alegre. Entrar em guerras de preços numa foi uma pretensão da marca, que primou sempre por manter um produto de qualidade. Daí que cerca de 20% da produção seja destruída, por não obedecer às exigências.

O reconhecimento de “Real Fábrica de Porcelana” logo após a sua fundação, pelas mãos de José Ferreira Pinto Basto, é, sem dúvida, um marco na história da VA, que começou por ser uma fábrica de vidro, até à descoberta do segredo da porcelana. Pinto Basto recrutou técnicos de outros países, onde já existiam fábricas, o que lhe permitiu desenvolver o negócio rapidamente. O crescimento manteve-se ao longo de largas décadas. No ano de 2001, a VA e a Atlantis deram origem ao Grupo Vista Alegre Atlantis, adquirido em 2009 pelo Grupo Visabeira.

Antes de integrar o grupo, a VA somava prejuízos que ultrapassavam os 18 milhões de euros. Adivinhava-se o fim de uma marca histórica. Com o terminar da dinastia familiar e a integração no grupo há “uma aposta na internacionalização e na comunicação, reestruturação, desenvolvimento do produto e renovação da rede de lojas”. Coube à Visabeira “manter o grau de exigência e reforçar o posicionamento da VA como marca premium”.

Fornecedora oficial da Presidência da República Portuguesa, a VA abastece, ainda, diversas casas reais, embaixadas e até a Casa Branca. Com a produção de porcelana doméstica, decorativa e hoteleira a marca consegue chegar a vários segmentos de mercado.

Enquanto outras marcas de porcelana deslocalizaram a produção para a Ásia, por exemplo, “com prejuízo para a qualidade”, como adverte Nuno Barra, a VA continua a produzir todos os produtos em Portugal. O principal mercado externo é Espanha, mantendo-se a aposta dos últimos anos no Brasil, onde a marca já está presente em 250 lojas premium. Atualmente, 56% da produção é exportada.

A aposta nos mercados externos tem sido uma estratégia para contornar a crise que se vive no País. “Quando apostámos na internacionalização, houve um mix de mercados que ajudaram a que a crise não tivesse tanto impacto. Vendíamos muito cristal para a Grécia, por exemplo, e o país caiu. Mas compensámos com o crescimento noutros países, como o Brasil”, explica o diretor de marketing. Para suportar essa aposta na internacionalização, “o desenvolvimento do produto sofreu alterações e a fábrica abriu-se para o exterior com a colaboração de designers e artistas estrangeiros”. A parceria com a marca de luxo Christian Lacroix surge, precisamente, com o objetivo de impulsionar essa estratégia. Presença assídua nas feiras internacionais, “nos últimos anos a VA é vista como aquela que apresenta mais novidades todos os anos”.

Nuno Barra não tem dúvidas de que a tradição e a história da marca têm um peso bastante significativo no mercado. E mais: “Assiste-se a um movimento internacional: as novas gerações precisam de se agarrar a algo com que se identifiquem e, por isso, agarram-se às tradições, reinventando-as.”

Entre os projetos para o futuro, o diretor de marketing e design externo destaca “a construção de uma fábrica em parceria com o IKEA para a produção de peças de grés, o projeto turístico para a zona da fábrica que abrange um hotel de cinco estrelas e ainda o projeto de vendas online para o mundo todo”. Os administradores acreditam que a venda online poderá sustentar o processo de internacionalização da marca."

JOANA CAPUCHO
Diário de Notícias

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