sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A maravilhosa arca do passado


"(...) eu tinha um projecto a concurso, e estava à espera de conseguir apoios para fazer um filme-documentário. Às tantas as coisas foram acontecendo, tornou-se uma bola de neve e houve uma altura em que eu decidi de facto investir nisso. Era uma coisa que eu desconhecia, e eu adoro desafios impossíveis e aquilo parecia-me bastante impossível para mim na altura (abrir uma loja), portanto essa parte satisfazia-me (risos). Depois, por outro lado, comecei a apaixonar-me completamente pelo mundo que estava a descobrir e que era o mundo das marcas antigas e das fábricas e das pessoas, às vezes gerações atrás de gerações, que mantiveram uma fábrica, uma marca, um produto. É uma coisa que é muito difícil e hoje em dia eu tenho uma admiração gigantesca, um enorme reconhecimento, por estas pessoas que de facto lutam, conseguem continuar a manter empregos e a sustentar também um pouco da economia deste país. (...)

A pesquisa é a alma do negócio. É também uma das coisas que me dá mais gozo fazer, adoro visitar fábricas, eu não sabia, mas acho que é mesmo uma das coisas que mais gosto na vida, é visitar fábricas e perceber como é que as coisas se fazem. Nós perdemos tanto o contacto com a realidade na nossa vida hoje em dia, será que nós sabemos como é que se faz uma colher, um prato, temos ideias bastante vagas sobre isso geralmente, mas as coisas são concretas e as coisas são feitas por pessoas. Por exemplo, o tapete que está na minha sala, eu sei quem foi a pessoa que o fez, ou muitas das coisas que eu uso eu sei quem foram as pessoas que fizeram, que embalaram, eu vejo a cara delas, e isso é toda uma outra relação que passamos a ter com o consumo, e que eu acho que é uma relação muito mais saudável, e que sobretudo conduz ou pode conduzir a um mundo muito mais interessante e também mais saudável. Se nós fossemos capazes de, quando compramos um objecto ver a cara de quem o fez, se quando compramos uma t-shirt que custa €3, virmos porque é que ela custa €3, quem é que a fez e quanto é que ela recebeu por isso, o mundo seria muito diferente, não tenho dúvida nenhuma sobre isso. (...)


As histórias dos produtos contam coisas fascinantes. A história do consumo também conta a história de um país, muitas das empresas da marca que nós vendemos já existem antes do Salazar subir ao poder e continuam a existir depois do 25 de Abril, ou depois de o Salazar deixar o poder. E portanto, muitas delas foram-se adaptando, os gostos das pessoas também mudaram. Costumo dar este exemplo dos rótulos dos sabonetes que eu acho que é muito eloquente: uma fábrica como a Confiança tanto fez o sabonete da exposição do mundo português, em 1940 - foi a grande exposição do regime fascista -, como fez o sabonete Grândola Vila Morena, em 1975, portanto é de facto quase possível contar a história do país através de rótulos de sabonetes de uma fábrica e de gostos. Nos anos 10 ou 20, a influência francesa culturalmente era gigantesca, os sabonetes eram todos rotulados em francês, porque senão não eram chiques, aí já evoluímos um bocadinho(risos) mas continuamos a gostar muito de produtos estrangeiros. Acho que isso está a mudar felizmente, porque a nossa economia bem precisa disso. (...)

Não acho que devemos viver no passado, mas acho que também não o devemos esquecer, faz parte de nós. Mas o futuro também me interessa muito, atenção (risos). O que é interessante é que muitas coisas já foram feitas, nós não estamos sempre a inventar a roda, há coisas que eram boas, que foram bem feitas ao longo do tempo, se calhar podemos pegar nelas e continuar essa evolução, adaptá-la ao mundo e às necessidades de hoje. Portanto, eu acho que o passado é uma maravilhosa arca onde ir pilhar ideias para o futuro. (...)

Nós já não temos a mesma fé no futuro que tinham os nossos pais e os nossos avós. Normalmente, em alturas de crise o que acontece geralmente é que as pessoas tendem a refugiar-se em coisas seguras, e o passado é seguro, o futuro não sabemos como é que vai ser, mas o passado nós controlamos. Portanto, normalmente essa é uma tendência que se verifica sempre em alturas de crise e recessão. Mas eu na altura peguei nisso não de todo por uma atitude saudosista. (...) para mim estes produtos são uma questão de identidade e não de todo uma questão de saudade, eu não gosto deles porque eles são velhos, eu gosto deles porque eles são bons, e são bons porque existem há não sei quantos anos, e que houve não sei quantas pessoas a tentá-los fazer bons, aliás senão não tinham resistido estes anos todos no mercado, como é óbvio."


Catarina Portas em entrevista à revista MAXIM, Dezembro 2012.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Praça de Natal


Na Praça da Alegria desta manhã, não perca uma breve visita guiada pela loja e algumas das marcas de sempre que fazem A Vida Portuguesa. A partir do minuto 17:45 da quarta parte do programa. A palavra a Serenella Andrade...

Nos bocas (dos blogues) do mundo

Uma adivinha para animar a tarde: quando um grupo de bloguers lisboetas (que escrevem sobre moda e tendências) recebe uma representação de congéneres espanholas, e lhes quer mostrar as suas lojas preferidas, onde é que elas acabam todas?... As pistas são da da Amberhella.
"Fomos à Luvaria Ulisses, à Vida Portuguesa, à República das Flores, ao Plano Infinito, à Lisbon Lovers e ao Le Chat. É sempre bom poder mostrar uma cidade como Lisboa", diz A Pipoca Mais Doce.
Segundo a Carmo "a manhã foi abençoada pelo sol". E dentro da loja também brilhavam radiantes inúmeras gulodices. "Entrar na loja A Vida Portuguesa é uma perdição e uma delícia! Facilmente me perco por lá, e esta última vez, não foi excepção... Trouxe uma boneca que tem tanto de amorosa como de creepy, um caderno e uma caixa de lápis Viarco (love, love,love!!!) :) "




quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Chocolate para Turistas "Costa do Sol"


Neste Natal, a Regina e A Vida Portuguesa juntam-se para lançar uma linha clássica de chocolates, de rótulos vintage e tema inesperado, resgatados dos primórdios daquela que é uma das grandes marcas históricas portuguesas. Um trio de tabletes de Chocolates para Turistas, também vendidas numa caixa de oferta chic a valer, como se diria na época.

OS CHOCOLATES PARA TURISTAS
Em 1928, o cheiro guloso do chocolate começou a espalhar-se pelo bairro lisboeta de Alcântara com a fundação da primeira fábrica da Regina. Nascia então a indústria do turismo e o Estoril afirmava-se como o primeiro destino chic e cosmopolita do país com a Costa do Sol a publicitar-se dentro e fora de portas. A Regina, marca seleta de chocolates, aproveitou a moda para lançar uma curiosa novidade: as tabletes Costa do Sol, dedicadas especialmente aos turistas, e que agora se reeditam. Entre as décadas de 30 e 40 do século passado, foram-se sucedendo as tabletes com vistas do Estoril, ilustrações de banhistas e elegantes barcos de recreio. A Regina reinava no mercado português, com chocolates que pertencem à memória alimentar coletiva portuguesa, como as icónicas Sombrinhas, o Coma Com Pão ou o chocolate Bebé, prémio das inesquecíveis máquinas de furos. Em 1970, 500 operários fabricavam 15 toneladas diárias de produtos Regina mas nos anos 90 a empresa viria a encerrar. Graças à antiga concorrente Imperial, de Vila do Conde, que comprou a marca e a relançou em 2002, voltou com o sucesso de sempre e para felicidade de tantos. Em 2012, quando tantos estrangeiros descobrem Portugal, regressam os Chocolates para Turistas, sempre atuais, muito deliciosos e incrivelmente charmosos.

A HISTÓRIA DESTA EDIÇÃO
A reedição dos Chocolates para Turistas da Regina também tem a sua história para contar. Tendo a Imperial comprado a marca após o fecho da empresa Regina, não ficou na posse do arquivo histórico completo da marca, dedicando-se a reconstituí-lo desde então.
Nenhum destes rótulos agora reeditados, datados dos primórdios da Regina, eram conhecidos da Imperial. Porém, nas suas pesquisas sobre marcas antigas portuguesas, Catarina Portas deu um dia com o rótulo original da tablete “Banhista” e adquiriu-a. E mais tarde, reparou na caixa “Barco de Recreio”, exposta na extraordinária colecção de Maria Proença no Centro de Artes Culinárias, no Campo de Santa Clara, em Lisboa. Intrigada, foi indagando e descobriu que a sua amiga e olisipógrafa Marina Tavares Dias, uma fã de sempre da Regina, possuia na sua colecção particular vários belos rótulos antigos com vistas do Estoril, alguns deles assinados pelo conhecido aguarelista e ilustrador Alfredo de Morais (1872-1972). Em comum, embora com ilustrações de géneros diferentes, todas estas embalagens antigas, partilhavam o nome “Costa do Sol”. E aliciavam para uma ideia que A Vida Portuguesa propôs e a Imperial, actual detentora da marca Regina, acolheu com entusiasmo. Convém lembrar que a reedição dos clássicos da Regina, levada a cabo no decurso dos últimos 10 anos superou todas as expectativas da Imperial, demonstrando a popularidade da marca e as saudades que o público tinha de produtos como as Sombrinhas de Chocolate, o Coma Com Pão ou os Chocolates de Aromas de Fruta.
Em conjunto, a Regina e A Vida Portuguesa trabalharam com preciosismo nesta reedição fiel e, afinal, tão actual – quando, tantos anos depois, Portugal se afirma como um dos destinos turísticos preferidos por turistas de todo o mundo. E ambas as marcas agradecem a colaboração generosa das coleccionadoras que facultaram os seus rótulos antigos para dar a conhecer um produto deveras original da história do consumo português.

OS PRODUTOS
A gama dos novos Chocolates para Turistas da Regina compõe-se de 3 tabletes de 100g com imagens e sabores diversos: chocolate negro, chocolate de leite e chocolate com amêndoas. As tabletes vendem-se avulso mas também numa magnífica caixa de cartão rígido, ideal para oferta, contendo as três tabletes.
Os Chocolates para Turistas pretendem atingir um mercado seleccionado, vendendo-se nas lojas A Vida Portuguesa (Lisboa, Porto e Online) mas destinando-se também ao comércio gourmet nacional, pontos turísticos e às melhores pastelarias e confeitarias de todo o país.
Preços recomendados de venda ao público: Tablete de 100g 2,99€ / caixa com 3 Tabletes 10€.


A REGINA/ IMPERIAL
Nascida em 1928, no bairro de Alcântara em Lisboa, a Regina reinou no mercado do chocolate português até aos anos 90, quando faliu e encerrou definitivamente. A marca foi então adquirida pela Imperial, fábrica concorrente nascida em 1932 em Vila do Conde, agora propriedade do Grupo RAR. É o maior fabricante nacional de chocolates, detentor das principais marcas portuguesas do sector como Jubileu, Pintarolas, Pantagruel, Fantasias e Allegro, além da Regina. Líder de mercado em Portugal, a Imperial exporta atualmente os seus produtos para mais de 40 países, alcançando inclusive segmentos especiais de mercado (sem açúcar, kosher, halal).

A VIDA PORTUGUESA
Fundada em 2007 por Catarina Portas, A Vida Portuguesa afirmou-se como um novo conceito de loja, dedicada aos produtos e marcas antigas portuguesas, sempre com o intuito de valorizar o saber fazer e promover a indústria e manufactura nacionais, junto de portugueses e estrangeiros. Com portas abertas no Chiado, em Lisboa, e nos Clérigos, no Porto, e vendendo oline para todo o mundo, A Vida Portuguesa é também uma marca que reedita e recupera produtos de sempre, mercê de parcerias com marcas como Ach. Brito, Saboaria Confiança, Lápis Viarco, Cadernos Emílio Braga, Bordalo Pinheiro e, agora, a Regina.

Disponível aqui.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Christmas in London


Lá fora a fazer pela Vida, em versão feirante para a Monocle, foi assim o fim de semana no mercado de Natal londrino, com sabor a bolo rei e xarope de refresco. "Oh freguês, venha provar o capilé que é bom também em inglês!"




Há Vida Portuguesa em Londres


"A Vida Portuguesa" de Catarina Portas foi uma das lojas de todo o mundo convidadas pela revista "Monocle" para a sua Feira de Natal em Londres, hoje e amanhã.

Não é a primeira vez que a "Monocle" faz referência a Catarina Portas e à "A Vida Portuguesa", mas é uma estreia da sua loja nas Feiras de Natal da revista. Que produtos vai levar?
Pediram-nos produtos alimentares e outros que simbolizassem Portugal. levamos os três novos sabores dos xaropes do Quiosque de Refresco e a nova edição de Chocolates para Turistas" da Regina, que não fazia estes chocolates desde 1930. E, curiosamente, fui eu quem lhes levou os rótulos originais, porque quando a Imperial comprou a Regina não ficou com o arquivo. Um dos rótulos, comprei-o na Feira da Ladra, outro tinha-o a historiadora Marina Tavares Dias. É também o primeiro produto deles que não irá para as grandes superfícies, sendo apenas vendido em lojas gourmet, pastelarias e confeitarias. Ao todo, levo 150 quilos, entre mantas alentejanas, cabazes de Natal, andorinhas Bordalo Pinheiro, cadernos Emílio Braga...
Sente-se embaixadora do seu país quando está em eventos no estrangeiro a vender produtos de A Vida Portuguesa?
Sim, claro. Mas também confirmei um feeling, que estes produtos não funcionavam apenas por saudade - quando vejo os estrangeiros terem exatamente a mesma reação que nós.
O que lhe dá mais satisfação no projeto A Vida Portuguesa?
Termos voltado a trazer a uma geração mais nova uma série de produtos que eles não conheciam. E ter conseguido que a Bordalo Pinheiro passasse a fabricar 10 mil andorinhas por ano, em vez de 10 andorinhas em 10 anos."

Katya Delimbeuf. Revista do Expresso, 1 de Dezembro 2012.