segunda-feira, 27 de junho de 2011

A lei da rolha. Reinventada.

Inventiva base para quentes, reutilizando rolhas de garrafa usadas ou enviadas expressamente para o efeio pelas caves do Douro. A cortiça é famosa pela sua resistência a toda a prova, enfrentando estoicamente os mais quentes fundos de panelas e/ou afins. E se Portugal é o maior produtor de cortiça no mundo, faz sentido reutilizá-la com elegância e engenho. Nas lojas A Vida Portuguesa, Lisboa, Porto e online.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dá cá um balão

Data de 1517 o registo da primeira Festa de São João em Portugal, no município de Braga, numa adaptação religiosa das celebrações do solstício do Verão. O hábito depressa se espalhou pelo norte do país, qual fogo que se propaga em tempo quente (ou qual fogueira que apetece pular). No Porto, os moradores dos bairros populares depressa se organizaram para angariar fundos e engalanar devidamente as ruas.

Nas Fontainhas surgiu uma cascata que haveria de ficar famosa e chamar curiosos de todas as partes da cidade. Os mercados locais começaram a registar uma procura nunca vista de plantas e ervas medicinais, como os manjericos, a alfazema, a erva-cidreira, o azevinho e, claro, o alho porro (ou alho de São João, que haveria de se tornar um amuleto indispensável a qualquer celebração joanina que se preze. O alho haveria de ser o precursor do martelo de plástico, uma forma divertida de espantar possíveis tendências agressivas, batendo na cabeça de quem festeja no arraial ou passa na rua.

Felizmente, o martelo não conseguiu destronar o alho no coração dos tripeiros e, hoje em dia, ambos coexistem pacificamente. Da mesma forma, também se continuam a honrar maior parte das tradições sanjoaninas, a que se juntou o espectáculo de fogo de artifício que atrai milhares de pessoas à Ribeira todos os anos. Tudo para celebrar este estimado santo e o poder sagrado do bailarico.

Fonte: "Festas e Tradições Portuguesas" de Jorge Barros e Soledade Martinho Costa. Círculo de Leitores.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fogueiras no céu

"Ó São João, d'onde vindes / Pela calma, sem chapéu? / Venho de ver as fogueiras / Que me fizeram no Céu.

Vamos raparigas todas / Ao rosmaninho, que cheira, / Na noite de São João / A fazer uma fogueira.

O altar de São João / É como um jardim de flores, / Enfeitado pelas moças / Com sentido nos amores.

As freiras cantam no coro, / As cachopas ao serão, / Cantam as moças e velhas / Na noite de São João.

Té os moiros da moirama / Festejam o São João; / Quando os moiros o festejam / Que fará quem é cristão."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sardinhada

Olha a sardinha fresquinha! Deliciosa também em versão cerâmica, como concebida pelo génio de Rafael Bordalo Pinheiro e fielmente reproduzida pela mais célebre fábrica de faianças portuguesa. €13,50 cada. Ainda na fábrica, depois de cuidadosamente pintadas à mão, um a um, os belos peixes luminosos são postos a secar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Quiosque de Refresco passa o Verão na Confeitaria Nacional

Foi em Paris que Baltazar Castanheiro Júnior (que, para além de artista, também era confeiteiro) provou pela primeira vez uma fatia de Gâteau des Rois e começou a cozinhar a ideia inovadora de trazer o Bolo Rei para Portugal. Mais concretamente, para o estabelecimento que o senhor seu pai, Baltazar Rodrigues Castanheiro, tinha fundado em Lisboa em 1829 e a que chamou Confeitaria Nacional. Que não servia só guloseimas açucaradas de dimensão reduzida mas haveria de se especializar em criações prodigiosas à base de açúcar e amêndoa, como as famosas lampreias. Por isso, quando os proprietários decidiram abrir o "salão de estar" (a que convencionámos entretanto chamar "de chá") no primeiro andar - um feito progressista para a época, que exigiu obras de monta - foi alvo de enorme atenção, não só da imprensa em particular mas dos lisboetas em geral (os menos gulosos incluídos).

Fornecedora da casa real (adoçou a boca a cinco monarcas, de D. Maria II a D. Manuel II) e pioneira da exportação de doces para o Brasil, a Confeitaria também era um dos poisos preferidos de Eça de Queiroz. O Eça que, como sabemos, tinha uma queda especial para as bebidas frescas típicas, pelo que também deveria frequentar o espaço para desfrutar de "todos os refrescos, vinhos especiais e pastelaria, sorvetes de variadas espécies, carapinhadas, soda nevada e a deliciosa bebida gelada a que os espanhóis chamam "chufas"" (segundo a descrição de Luís Pastor de Macedo no livro "Lisboa de Lés a Lés").

O tempo parece não ter passado pelo estabelecimento que tão bem tem sabido manter o seu charme original e, ontem como hoje, faz todo o sentido que a Confeitaria Nacional tenha decidido unir esforços com o Quiosque de Refresco para trazer os refrescos de volta à Baixa Pombalina. Agora expressamente dotada de um balcão exterior, a Confeitaria tem ao dispor da clientela sedenta os refrescos que o quiosque adaptou para os nossos dias: Groselha, Capilé, Limonada Chic, Mazagran, Chá Gelado, Orchata e Leite Perfumado.

Parceria entre Catarina Portas (A Vida Portuguesa) e João Regal (DeliDelux), o Quiosque de Refresco passou da ideia à prática quando a Câmara de Lisboa decidiu concessionar três dos mais belos quiosques antigos da capital, no Príncipe Real, Praça das Flores e Camões. Escrupulosamente recuperados, abriram ao público em Abril de 2009, com o desejo de trazer de volta sabores próprios e antigos, fresquíssimos e recriados para os dias de hoje. Através dos refrescos que lhes dão nome mas também na forma de sanduíches, bolos, sopas e bebidas várias, da ginginha ao vinho quente. Recuperando numa minúscula mas acolhedora estrutura urbana toda uma tradição lisboeta, de espaço, de tempo e de sabor. Como dizia o Eça: "e vai de refresco!".

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tronos e cascatas

"O menino Eros grego e deus Cupido romano foi rebaptizado pela indústria norte-americana, e consequentemente pelo comércio globalizado, com o nome de São Valentim. Mas o nosso, o cá de casa, chama-se ainda Santo António. A piedade popular viu na figura deste homem que viveu no séc. XIII um santo amigo e protector, fazendo dele padroeiro dos amores e casamentos e, igualmente curioso, pedindo-lhe auxílio para reaver os objectos perdidos ou furtados. Eu cá acho muito mais sofisticado e enternecedor oferecer mangericos com cravos e quadras declarando os gostos a quem se gosta, quando Junho aquece, que meros cartões arrebicados com corações e filetes dourados impressos a eito, no frio do inverno. É que os mangericos, tal como os amores, e não como os cartões, devem ser cuidados todos os dias, sem descanso ou esquecimento, com água no prato e noites ao luar.

Outro ingrediente indispensável e mais elaborado ainda das celebrações em honra de Santo António são os altares de rua, em Lisboa conhecidos como Tronos e pelo Norte como Cascatas. Conta a história que o costume destes altares sazonais e públicos nasceu nos escombros do terramoto de 1755. A igreja de Santo António, junto à Sé, erguida segundo a lenda no lugar da casa onde nasceu Fernando de Bulhões, o homem que hoje conhecemos como Santo António de Lisboa, ruiu quando a cidade tremeu. E foi para arranjar fundos para a sua reconstrução que se começaram a fazer pequenos altares pelas ruas pedindo “uma moedinha para o Santo António”. A igreja foi reconstruído mas tão eficaz era a forma de peditório que a tradição perdurou pelos séculos seguintes nas ruas da capital. Às janelas, nas soleiras das portas, no topo de um caixotinho ou sobre um mísero banco (como ilustra uma maravilhosa fotografia de Benoliel, datada de 1909, no Arquivo Fotográfico de Lisboa, consultável on line), lá surgem por estes dias, decorados por graúdos e acompanhados por miúdos pedinchões, os tronos ao santo douto e bom, e nosso também. Com um santinho no topo da escadaria, decorada com recortes de papel brilhante e colorido, e adornado por flores, lamparinas e mangericos cheirosos.

Eu, que nunca tive qualquer espécie de educação religiosa e cresci sempre a achar mais plausível ter sido o Homem a criar Deus e não o oposto, adoro altares. Em todos os países do mundo, fico fascinada com estas construções sentimentais, sejam os altares macabros do dia dos Mortos no México, as casinhas perfumadas de jasmim fresco nas ruas de Bangkok ou os lingam sexuais hindus cobertos de flores e pós em cores intensas na Índia. Afinal, apenas a materialização dos anseios e medos dos homens, numa organização de símbolos decorativa, criativa e pessoal. Tão universal quanto lisboeta. É por isso que nunca falho o meu altar doméstico de Santo António, num vão de janela, pedido vão ou talvez não de protecção e desejo de festa no fundo do coração." Crónica de Catarina Portas para o Público de 9 de Junho 2007.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Museu Antoniano

É quase pecaminoso deixar passar estes dias sem descobrir mais sobre a tradição do santo padroeiro de Lisboa, o casamenteiro entre os casamenteiros. Por isso recomendamos uma visita ao Museu Antoniano, no Largo de Santo António da Sé, precisamente.

"Entro na igrejinha de Santo António, perto da Sé. Gosto muito dela por ser tão pequenina. Parece um oratório, é riquíssima. Na porta ao lado está o Museu Antoniano. Tem imensos tronos de Santo António, assim como pratos e copos, entre outras peças de merchandise do santo do século XII. Esta igreja ruiu no terramoto de 1755 e começou a ser tradição fazer tronos a pedir moedinhas para o Santo António para o reconstruir. Em Junho, nas festas dos Santos Populares, o pedir a moedinha perdura." Catarina Portas à revista Up, Março 2009.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

"O trono mais original"

Fresquinha que nem uma sardinha, a Time Out que acaba de sair para as bancas traz as melhores ideias para festejar os santos. Porque o Santo António também se quer "padroeiro da ressaca. Se os três mandamentos da vida boémia são sexo, drogas e rock n' roll, os da noite mais boémia da cidade serão marchas, sardinha assada e música pimba. Ou rimas, manjericos e vinho tinto. (...)

O prémio do trono mais original de Santo António vai para este exemplar de A Vida Portuguesa. Mas não pense que já vem assim. Quem compra é que tem de o montar. Custa 35€." As rimas nos manjericos são sempre inspiradas como esta: "Toda a noite ouvi no tanque / a pouca água a pingar. / Toda a noite ouvi na alma / que tu me podes amar".

terça-feira, 7 de junho de 2011

Desde (quase) sempre

"Há quanto tempo trabalha aqui?". A Vida Portuguesa até pode ser novata nestas coisas do atendimento ao público (quando comparada com outros casos de charmosa longevidade) e, por isso, olha com respeito e veneração para as lojas centenárias da zona da Baixa e do Chiado. Como as 15 selectas retratadas por Luísa Ferreira e que fazem parte da "Maior Exposição Fotográfica do Mundo - Lisboa 2011".

Lojas com a magia de outros tempos, algumas delas negócios familiares que passaram pelas mãos de diferentes gerações, onde o cliente continua a ter "sempre razão" e é mimado como tal. Lojas que se impõe redescobrir, na certeza de que permanecem abertas e coquetes.

Porque nos custa receber a notícia de espaços que se perdem irremediavelmente como o da charcutaria Nova Açoreana, que fornecia os clientes da Rua da Prata e arredores também de charme e colorido. E que, apesar de não enfrentar dificuldades económicas, fechou recentemente por não se enquadrar na filosofia do projecto hospitaleiro que vai tomar conta do prédio.

Ora, nós acreditamos que são precisamente estes espaços originais e castiços que fazem a graça de Lisboa, que lhe dão os traços distintivos, por oposição às cadeias internacionais que se repetem e descaracterizam as cidades. E recomendamos não só a exposição mas também o reencontro com estas e outras pérolas comerciais espalhadas por Lisboa, que teimam em resistir.

Exposição "Há quanto tempo trabalha aqui?". Fotografia de Luísa Ferreira. Até 30 de Junho, no primeiro quarteirão da Rua Augusta. A entrada não podia ser mais livre.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Conversas de conservas

Há conversas de conservas a animar a loja online (entre outras novidades deliciosas, à volta do tema da sardinha, que é a época dela e tem que ser celebrada).

As conservas "José" estão disponíveis separadamente ou em caixa de quatro, personalizada ao gosto de quem dá ou vai receber. E vêm com sugestões de utilização (mais vulgarmente chamadas receitas). Só para dar água na boca: "Sardinhas gratinadas com crosta de tomilho e salsa", "Escalopes de vitela com molho de atum" ou "Risotto de sardinhas com queijo de São Jorge e limão".

As embalagens são encantadoras, cada qual com uma ilustração única e a prosa de Eugénio Roda: "Certa sardinha quis transformar-se num tomate. Conseguiu mas perdeu o aroma e não achou piada ao corpo, vermelho e liso. Decidiu voltar atrás e passou a convidar o tomate para conversar: Conversas de conservas."

sexta-feira, 3 de junho de 2011

"Uma casa para viajar"

Foi uma aventura que começou atrás do balcão d' A Vida Portuguesa e acabou num hostel. Em destaque no Expresso, como um caso de "Criatividade em tempo de crise". "Carla, designer gráfica, e Patrícia, publicitária, conheceram-se numa loja onde trabalhavam, em 2009, e decidiram arriscar um investimento próprio. Nunca tinham feito nada e... gostavam da ideia de uma coisa que estivesse próxima da viagem e lhes proporcionasse conhecer pessoas. (...) "Penso que a particularidade deste hostel é precisamente fazer com que as pessoas se sintam em casa." Texto de Ana Soromenho, fotografia de Tiago Miranda.

Jardim de Santos Hostel. Largo Vitorino Damásio 4 - 2º andar. http://www.jardimdesantoshostel.com/

"Confortável memória, planante"

"Agradeci e desliguei o telefone. Tenho uns ténis Sanjo pretos à minha espera na Vida Portuguesa (...) a simples necessidade de enfiar os pés dentro de um produto nacional de longa data e mais confortável memória; planante. (...) Percorrida a memória até ao Chiado, encaminho-me para A Vida Portuguesa (...). Calço os Sanjo para continuar a descalçar-me." Por Fallorca, "O Cheiro dos Livros".

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Dia da Espiga

Foto gentilmente cedida por Rosa Pomar.

Acabámos de pendurar um belo ramo atrás da porta, a provar que o Dia da Espiga está vivo e se recomenda no Chiado. Manda a tradição que se dê um passeio campestre, para colher espigas de vários cereais (a representar o pão), flores diversas (o malmequer simboliza ouro e prata, a papoila amor e vida), ervas (o alecrim como presságio de saúde e força), ramos de oliveira (a paz, a luz e o azeite) e videira (para trazer o vinho à colação e dar alegria).

Combina-se tudo, de forma rústica e harmoniosa, ata-se com um cordel e pendura-se numa divisão da casa a secar, até ao ano seguinte. O catolicismo apropriou-se deste costume para marcar a Quinta-feira da Ascensão mas crê-se que ela tenha origem em hábitos pagãos. Por ser considerado o dia mais santo do ano, as pessoas deveriam coibir-se de trabalhar. E a verdade é que ainda hoje se celebram honras de feriado municipal em Monchique.

E quem não tem a sorte de morar em Monchique ou ir até ao campo, pode contar com uma reinterpretação da tradição na forma de uma florida lambrilha...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sardinhas encantadoras

"Um artigo gastronómico para a revista Olive, da BBC, trouxe-a a Lisboa. É considerada uma das mil pessoas mais influentes em Londres, mas mantém o anonimato há 11 anos a escrever sobre restaurantes.

Do Ramiro à Versailles Com uma audiência superior a 1 milhão de leitores, dizem-lhe que as suas críticas têm mais efeito nos restaurantes londrinos do que quaisquer outras. Por duas vezes, foi incluída na lista das mil pessoas mais influentes de Londres, elaborada pelo Evening Standard. Em Lisboa, cidade que a apaixonou como escreveu no Twitter, visitou locais como o Tavares, o terraço do Bairro Alto Hotel, o Terraço do Hotel Tivoli, a loja A Vida Portuguesa (onde se encantou com as latas de sardinhas), fez a carreira toda do eléctrico 28, mas a meio da estada, o seu maior entusiasmo era a Cervejaria Ramiro e a Pastelaria Versailles."

Célia Pedroso, Visão Vida & Viagens Maio 2011.