Aos seis anos ("mal sabia escrever" como nota a própria), já assinava
peças de cerâmica, e aos nove já era aprendiza da arte de Herculano
Elias. Era óbvio para todos à sua volta que o futuro da pequena Elsa,
cozinhado desde cedo na fábrica do pai Rebelo, nas Caldas da Rainha,
havia de passar pela cerâmica. E vem-lhe o sorriso ao rosto quando
relembra as férias de Verão, em que se entretinha a trabalhar o barro
para "criar peças que depois vendia para as guloseimas". Crescendo,
decidiu-se a estudar à noite para poder continuar a aprender, durante o
dia, com o mestre de olaria Armindo Reis, e dar forma àquela vocação
que lhe estava na massa do sangue. Também se interessou pela pintura,
fez diversos workshops e tornou-se artista plástica. Leccionou técnicas
decorativas durante 10 anos, vê na escultura "um interesse a explorar" e
até instalou em casa um pequeno laboratório que lhe permite ir
materializando a inspiração, independentemente da hora a que ela lhe
surja. Foi ali que criou estas belas e coloridas peças, únicas e
exclusivas, à venda na loja A Vida Portuguesa do Largo do Intendente.
Elsa Rebelo não consegue parar nem nas horas vagas, que sobram a esta
que se vem tornando numa das maiores especialistas de cerâmica em
Portugal. Nas horas que lhe são vagas, dizíamos, em que não está ocupada
a ser Directora Artística da fábrica da Bordalo Pinheiro.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Hansi Staël
Uma cidadã do mundo: nasceu em Budapeste, estudou em Viena, morou em
Estocolmo, faleceu em Londres. Mas entre os anos de 1946 e 1957 a
artista plástica húngara Hansi Staël von Holstein fixou residência em
Portugal, onde havia de fundar o Estúdio Secla, na fábrica das Caldas da
Rainha. A partir dali, deu um contributo notável não só à cerâmica -
com uma abordagem inovadora, chamando o contributo de artistas à
produção corrente e dando-lhe projecção internacional - como à arte
portuguesa. Por essa e por outras, dedicou-lhe Rita Gomes Ferrão uma
investigação apurada que passou a livro, disponível n' A Vida Portuguesa
do Largo do Intendente.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Porto de vanguarda
E nós, que nem sabíamos que a Emma Watson tinha ido à loja do Porto! Valha-nos a revista de fim-de-semana do El País: "Madonna, David Beckham y Pippa Middleton presumen de sus zapatos de la
firma Helsan. Benedict Cumberbatch (el protagonista de la serie
Sherlock) ha decorado su hogar con aparadores del estudio Bat Eye. Emma
Watson ha sido vista recorriendo los pasillos de la boutique A vida
portuguesa, donde se dejó seducir por
los productos típicos del país.
¿Qué ha hecho que las celebridades (o
sus asistentes) y los amantes del diseño amplíen su ruta de compras
hasta Oporto? Sencillo, la segunda ciudad del país vecino se
ha impuesto en el mercado gracias a su renovada artesanía. Sus creadores
son los responsables del aumento de las exportaciones. Es más, según el
Banco de Portugal, éstas crecieron un 24,2% en los últimos cuatro años y
se prevé un aumento del 4,2% en 2015 y del 5% en 2016. Es el momento de
pasear por sus calles para descubrir las nuevas direcciones que han
provocado que todo el mundo desee regresar a esta ciudad una y otra vez.
(...)"
S Moda, El País. O artigo na íntegra, aqui.
Lembrar Bordalo
Nasceu
em 1846, Rafael Bordalo Pinheiro, numa família de artistas lisboetas.
Quis ser actor nos palcos, mas foi afinal actor crítico de uma sociedade
nas páginas das revistas que criou como A Berlinda, A Lanterna Mágica, o
António Maria ou A Paródia. Desenhador, gráfico, ilustrador e
caricaturista, deve-se-lhe a criação da figura do Zé Povinho. Em 1883,
fundou a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, onde, até à sua
morte, em 1905, tenta um projecto artístico invulgar de investimento
industrial e, simultaneamente, de procura de um certo espírito de ser
português.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Orquídea - Casa de Ourives
Esta história começa com um Mestre Ourives e
Joalheiro, de nome Silva. A partir de 1961, e por cinquenta anos, numa
oficina dotada de punção de fabrico, em Gondomar, se dedicou a criar e
vender, para o país inteiro, peças de ourivesaria que
eram diversas mas sempre belas. No entretanto, teve uma filha, a que
chamou Orquídea, e que havia de crescer por ali, entre as tenazes e os
maçaricos. Quando chegou a altura de estudar, a pequena quis escolher
outro caminho e cursar Belas Artes no Porto. Mas na hora de encontrar
trabalho, percebeu o óbvio: que o seu ganha-pão, estímulo e força tinham
estado sempre ali, entre o ouro e a prata. Começou a criar as suas
próprias peças, que um dia se lembrou de levar à nossa loja do Porto, na
esperança de mostrar a Catarina Portas umas belas andorinhas em
pendentes de prata. O encanto foi imediato, aquele bando já não saiu
dali e seguiram-se encomendas que também haviam de levar às demais lojas
gaivotas em voos rasantes, num prodígio de movimento e simplicidade.
Senhoras e senhores, eis "Orquídea - Casa de Ourives".
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