terça-feira, 28 de maio de 2013
A Nova Mouraria
"Foi gueto de mouros, judeus, drogados, marialvas e prostitutas. Mas nos últimos dois anos tornou-se num dos bairros lisboetas que está na moda, onde já não falta quem lá queira investir em comércio ou comprar casa. o futuro da cidade passa por ali.
O QUE HÁ DE NOVO NA MOURARIA? Se ainda não conhece, este mapa dá uma ajuda. Além da requalificação urbana do bairro, nos últimos dois anos nasceram múltiplos novos empreendimentos a torná-lo mais apetecível. Saiba quais. (...)
A Vida Portuguesa. Abre em julho nos antigos armazéns da Viúva Lamego, com enfoque nos objetos para a casa, desde têxteis a loiças e horto.
TERRA DE OPORTUNIDADES. Catarina Portas, a ex-jornalista que levou a outro nível os produtos nacionais com as lojas A Vida Portuguesa, é visita habitual da Cozinha Comunitária da Mouraria. É lá que, à mesa com moradores e amigos do bairro, vai absorvendo a dinâmica da zona onde decidiu abrir a sua futura maior loja. "No Chiado os preços são proibitivos e este é um bairro de oportunidades. E assim todos podemos ajudar a cidade a melhorar." Nos seus planos está abrir vagas de trabalho para os moradores, num processo que muito provavelmente passará pelas mãos do gabinete +Emprego, que desde setembro do ano passado já ajudou cerca de 100 pessoas a ultrapassarem o flagelo do desemprego. Tal como Catarina Portas, são muitos os que discretamente vão investindo na Mouraria. Nos últimos dois anos, o bairro viu nascer lojas, restaurantes, ateliês e até hotéis com suites de luxo. (...)"
Paula Cosme Pinto
Expresso, 25 Maio 2013
segunda-feira, 27 de maio de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
A vida em Luiz Pacheco
"Para fazer da minha vida um romance? Ou uma série de textos insólitos que, por simples aglomeração, ergam uma vivência singular, sem veleidades de metáforas, comparações, esquisitices da burocracia literata rotineira?
Creio que sim. E sublinhar em cada um o aspecto grotesco a que me reduziram, conduziram (até aqui, no Barro: vir meter-me na Tribo dos Cospe-Cospe para sobreviver à fome e ao catarro), transformaram. Quase aniquilaram. Ao contrário de quase todos os escribas, estou farto de levar porrada da Vida. Era tempo de virar isso a meu favor. Como?! escrevendo tal-qual. A verdade é que assusta e empolga as pessoas. Não assisti às coisas tremendas que o Malaparte descreve [no romance Kaputt, que Pacheco estava a ler nesta época]; mas assisti e meti-me noutras, caseiras e mesquinhas, mas fora do habitual.
É tempo de gozar um bocado comigo e de mim. Porque só tenho duas saídas: essa, da jocosidade, ou da amargura. Por este caminho, ninguém vem atrás de mim, não se cativa pela choradeira mas pelo humor."
Luiz Pacheco
Diário 1982
Outra das entrevistas que Anabela Mota Ribeiro recuperou para o seu recém-fundado blogue foi a que fez ao autor de "Comunidade":
"Luiz Pacheco envia-me o exemplar 43 do seu último livro, uma compilação de crónicas que escreveu para o «Público», devidamente enfaixado em papel higiénico. Já estávamos no final da entrevista quando acabo por perguntar: «Então para que era o papel higiénico?» O Pacheco responde: «Sabes quanto é que custa cada envelope almofadado? Cento e quinze paus, menina, é quanto custa!».
Desnudado o mistério, abandonámos o quarto com vista para os lençóis dependurados nos estendais. Não estariam ainda acesas todas as luzes. Avança pelo corredor insistindo: «Aqui é onde se morre», e abre a porta de um quarto despojado e vestido de morte. Acompanha-me até à saída desfazendo-se em pormenores corrosivos, exercitando um estilo que desenvolvera pela tarde. Talvez extenuado, talvez prazenteiro.
Lembrou-me um amigo que corria dos funerais para se perder nos desmandos da carne. Para sobrepor o instinto da vida à crueza da morte. Como Pacheco que, na primeira página d’ «O Libertino», convoca a morte sob múltiplas e hipotéticas formas e se entrega a seguir à vida e ao corpo para melhor escapar ao horror da senhora da gadanha.
Foi o mesmo na conversa de uma tarde. Revolveu conversas de alcova, praticou uma inesgotável luxúria mental, estacionou, comovido, mesmo que se não desse conta, numa incontornável velhice. «Porque é que se deve ter pena de uma pessoa que está aqui, que não fala, que não sabe onde está, que se borra e se mija e que já não dá por isso?»
Que sempre o acompanhe a lucidez. E que deus, ou seja lá quem for, o proteja da decrepitude. Palpita-me ser este o seu último voto."
A saudade em Eduardo Lourenço
«Les Portugais sont tellement habités par le sentiment de la saudade qu'ils ont renoncé à la définir.
Au contraire, c'est sur elle qu'ils font reposer leur secret, ou l'essence de leur sentiment de leur existence, au point d'en avoir fait un "mythe".
Au fond, c'est cette mythification d'un sentiment universel qui donne à cette étrange mélancolie sans tragédie son vrai contenu culturel, et fait de la saudade le blason de la sensibilité portugaise.
Il reste à savoir pourquoi tout un peuple se reconnaît avec une délectation qui frise la complaisance, dans le miroir de cette mélancolie à la fois triste et heureuse qu'il nomme saudade.
Peut-être que seule une considération du "temps portugais" -celui de l'Histoire et celui de l'âme- nous donne la clef de ce petit mystère. La saudade elle-même nous y invite.
Qu'est-elle d'autre qu'une descente, comme celle d'Orphée, dans le labyrinthe du temps enseveli, pour saisir le visage, à la fois vivant et mort, du bonheur passé?»
Da apresentação do editor da Mythologie de la Saudade de Eduardo Lourenço. Disponível na nossa livraria online.
No dia em que Eduardo Lourenço apagou as 90 velas, Anabela Mota Ribeiro recuperou a entrevista que lhe fez em tempos:
"De como Hanna Arendt se apaixonou por Heidegger. De como a Natureza desperta, espasmódica, no coração da selva amazónica. De como a mulher o corrige conjugalmente por viver numa língua que não é a sua.
As brumas da infância. O desejo infinito de liberdade. A ferida de não ser um romancista. Os presuntos vendidos por mulheres ainda mais apetecíveis que os presuntos. O desencanto do mundo. O apetite de conhecimento, como o confirmou o sábio de Estagira. As visitas à irmã, carmelita. A atracção amorosa do mal. O orgulho, como único pecado contra o espírito. O futebol. O cinema. A Catarina Furtado, gentil criatura. O esplendor do caos.
Eduardo Lourenço, ouvido em Dezembro de 2003, no auditório do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Adaptação da conversa mantida no decorrer do ciclo «Nós, a Cultura e Eu», comissariado por Guilherme Figueiredo."
terça-feira, 21 de maio de 2013
Vai apaixonar-se por Lisboa se...
"A capital de Portugal é feita à medida do homem, mas do homem cosmopolita. Tradicional mas projectada no futuro. Tem muitos rostos e todos eles são interessantes. Procura uma t-shirt ou malas únicas? Há uma loja sobre quatro rodas. Quer dançar a noite toda? O Bairro Alto tem a sua medida. E para comer bem, basta seguir o cheiro das sardinhas. (...)
... se for viciado no vintage mais glamoroso. (...) Seguindo rua fora, chega a "A Vida Portuguesa" (Rua Anchieta 11), a loja onde pode encontrar, hoje como há 50 anos atrás, sabonetes com nomes exóticos, perfumes em frascos retro, brinquedos de madeira e cestos de fibras naturais. Chiquérrimos!"
Manuela Soressi, "Donna Moderna".
Outubro de 2012, Itália.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Os Novos Navegadores
"Levam Portugal e a língua portuguesa aos quatro cantos do mundo. Joana Vasconcelos, Catarina Portas, Frederico Duarte, Pedro ferreira, Rita João e Rosa Pomar têm em comum a paixão pelo que é bem português, graças a eles, produtos do tempo das nossas avós ganharam nova visibilidade e fôlego. É a prova de que a tradição ainda é o que era e tem asas para ser muito mais!
O CHARME D' A VIDA PORTUGUESA. A loja A Vida Portuguesa nasceu em 2007, como resultado de uma investigação da jornalista Catarina Portas sobre antigos produtos portugueses que atravessaram gerações e que devem a sua longevidade à qualidade reconhecida internacionalmente. São produtos que mantiveram as suas embalagens originais, hoje tão apreciadas e acarinhadas. os sabonetes da Ach brito, as andorinhas de Bordallo Pinheiro, a pasta medicinal Couto e os lápis Viarco são artigos que Catarina Portas acredita que têm futuro e só precisam de alargar o mercado. (...) A Vida Portuguesa tem o mesmo cheiro que a casa das nossas avós! Faz uma visita às lojas e vê por ti: em Lisboa, na Rua Anchieta 11, e no Porto, na Rua Galeria de Paris 20. Espreita também em http://www.avidaportuguesa.com/ "
in jornal Montepio Jovem
número 4.
O CHARME D' A VIDA PORTUGUESA. A loja A Vida Portuguesa nasceu em 2007, como resultado de uma investigação da jornalista Catarina Portas sobre antigos produtos portugueses que atravessaram gerações e que devem a sua longevidade à qualidade reconhecida internacionalmente. São produtos que mantiveram as suas embalagens originais, hoje tão apreciadas e acarinhadas. os sabonetes da Ach brito, as andorinhas de Bordallo Pinheiro, a pasta medicinal Couto e os lápis Viarco são artigos que Catarina Portas acredita que têm futuro e só precisam de alargar o mercado. (...) A Vida Portuguesa tem o mesmo cheiro que a casa das nossas avós! Faz uma visita às lojas e vê por ti: em Lisboa, na Rua Anchieta 11, e no Porto, na Rua Galeria de Paris 20. Espreita também em http://www.avidaportuguesa.com/ "
in jornal Montepio Jovem
número 4.
A menina do telefone
Mark Mitchell, um informático britânico, comprou um iphone. Abriu a caixa, ligou-o, começou a brincar com ele. A explorá-lo, como qualquer um de nós faria com uma máquina nova nas mãos. Até que experimentou a câmara fotográfica. E foi aqui que a história dele deixou de ser igual à nossa. Pois Mitchell descobriu que alguém, antes dele, tinha usado o seu telefone para registar meia dúzia de fotografias. No seu telefone por estrear guardavam-se dois retratos de uma rapariga chinesa, envergando uma farda branca com risquinhas cor de rosa, numa linha de montagem.
A rapariga ri simplesmente numa das fotografias. Noutra, com os duas mãos enluvadas, faz um v de vitória. Nas outras quatro fotografias, apenas a fábrica. A história tornou-se rapidamente conhecida quando “markm49uk” acedeu ao site“macrumours.com” e revelou a sua surpresa. Num instante, a busca foi lançada: quem é a rapariga? Soube-se que trabalha na FoxConn, uma fábrica em Shenzhen que monta iphones para a Apple. Os seus responsáveis não quiseram revelar o seu nome mas adiantaram que as fotografias tinham sido provavelmente um teste do equipamento e, por descuido, não tinham sido apagadas. Acrescentaram que o erro não implicaria qualquer despedimento, pois na verdade era apenas "a beautiful mistake”.
O erro tem de facto qualquer coisa de belo. Não é suposto que nome próprio algum assine uma máquina montada numa fábrica. Quando muito, se dermos por um papelinho minúsculo com um número de controle de qualidade, já chega. Mas ela não é um nome nem um número, é um sorriso. Diz: fui eu que fiz. E, num par de fotografias, toda a revolução industrial ganha um rosto. Faz sentido que cante vitória pois ela venceu o sistema.
No admirável mundo nosso que já não é novo e por vezes tem pouco para admirar, no qual as máquinas e pessoas tratadas como máquinas nos montam os aparelhos com os quais vivemos, já não há lugar para graças humanas como esta. Parece que só os aparelhos têm direito a exibir as suas gracinhas, as do novo sistema, das novas funções, das últimas tecnologias inventadas certamente por pessoas que adivinhamos engraçadas porque imaginativas mas que nunca saberemos quem são, também elas escondidas para sempre atrás de um único nome, o da marca.
Outra informação interessante que a FoxConn se apressou a comunicar à imprensa é que a rapariga não pretendia ser identificada. Mais, teria ficado tão aflita que a empresa até lhe oferecera um dia de folga para recuperar da emoção. Sorte a dela pois segundo um relatório do China Labor Watch, por ali os funcionários não costumam ter mais do que dois dias de folga mensais. Se excepções como esta se tornassem regra, se ao comprarmos um produto nos confrontássemos com o rosto de quem o fez, talvez isso até não fosse uma má ideia. Entre crianças a coser sapatos e jovens asiáticas exploradas até ao tutano a empacotar as t-shirts que compramos por quase nada, ficaríamos a conhecer melhor o mundo em que vivemos. Porque, para além do packaging e do marketing, lhe víamos o rosto."
Crónica de Catarina Portas para o Público de 13 de Setembro de 2008.
Vem isto a propósito de um artigo recente do New York Times. “As long as we keep paying companies to be unsustainable and unethical, they will be” - pois, é isto que acontece quando compramos uma t-shirt demasiado barata. Se os produtos que compramos trouxessem imagens de quem os produz e informação sobre as condições em que o fizeram, alguma coisa começaria a mudar no mundo. Pois já começou. Um dia, chegamos lá."
A rapariga ri simplesmente numa das fotografias. Noutra, com os duas mãos enluvadas, faz um v de vitória. Nas outras quatro fotografias, apenas a fábrica. A história tornou-se rapidamente conhecida quando “markm49uk” acedeu ao site“macrumours.com” e revelou a sua surpresa. Num instante, a busca foi lançada: quem é a rapariga? Soube-se que trabalha na FoxConn, uma fábrica em Shenzhen que monta iphones para a Apple. Os seus responsáveis não quiseram revelar o seu nome mas adiantaram que as fotografias tinham sido provavelmente um teste do equipamento e, por descuido, não tinham sido apagadas. Acrescentaram que o erro não implicaria qualquer despedimento, pois na verdade era apenas "a beautiful mistake”.
O erro tem de facto qualquer coisa de belo. Não é suposto que nome próprio algum assine uma máquina montada numa fábrica. Quando muito, se dermos por um papelinho minúsculo com um número de controle de qualidade, já chega. Mas ela não é um nome nem um número, é um sorriso. Diz: fui eu que fiz. E, num par de fotografias, toda a revolução industrial ganha um rosto. Faz sentido que cante vitória pois ela venceu o sistema.
No admirável mundo nosso que já não é novo e por vezes tem pouco para admirar, no qual as máquinas e pessoas tratadas como máquinas nos montam os aparelhos com os quais vivemos, já não há lugar para graças humanas como esta. Parece que só os aparelhos têm direito a exibir as suas gracinhas, as do novo sistema, das novas funções, das últimas tecnologias inventadas certamente por pessoas que adivinhamos engraçadas porque imaginativas mas que nunca saberemos quem são, também elas escondidas para sempre atrás de um único nome, o da marca.
Outra informação interessante que a FoxConn se apressou a comunicar à imprensa é que a rapariga não pretendia ser identificada. Mais, teria ficado tão aflita que a empresa até lhe oferecera um dia de folga para recuperar da emoção. Sorte a dela pois segundo um relatório do China Labor Watch, por ali os funcionários não costumam ter mais do que dois dias de folga mensais. Se excepções como esta se tornassem regra, se ao comprarmos um produto nos confrontássemos com o rosto de quem o fez, talvez isso até não fosse uma má ideia. Entre crianças a coser sapatos e jovens asiáticas exploradas até ao tutano a empacotar as t-shirts que compramos por quase nada, ficaríamos a conhecer melhor o mundo em que vivemos. Porque, para além do packaging e do marketing, lhe víamos o rosto."
Crónica de Catarina Portas para o Público de 13 de Setembro de 2008.
Vem isto a propósito de um artigo recente do New York Times. “As long as we keep paying companies to be unsustainable and unethical, they will be” - pois, é isto que acontece quando compramos uma t-shirt demasiado barata. Se os produtos que compramos trouxessem imagens de quem os produz e informação sobre as condições em que o fizeram, alguma coisa começaria a mudar no mundo. Pois já começou. Um dia, chegamos lá."
Cacilheiro de Joana Vasconcelos abriu as portas
"Forrado com um painel de azulejo gigante, o ferry lisboeta será transportado dentro de um navio cargueiro. Lá dentro, uma sala decorada com o material têxtil comum à obra da artista fará alusão ao ambiente doméstico, e, no primeiro andar, um deck, forrado a cortiça, albergará um palco e uma loja." Texto de Alexandra Carita, foto de Nuno Fox, Expresso. 12 de Fevereiro 2013.
A Vida Portuguesa marcar presença na loja do trafaria Praia, através de uma selecção dos nossos produtos feita por Joana Vasconcelos a partir da nossa oferta, constituida por marcas antigas e artesãos portugueses.
A Vida Portuguesa marcar presença na loja do trafaria Praia, através de uma selecção dos nossos produtos feita por Joana Vasconcelos a partir da nossa oferta, constituida por marcas antigas e artesãos portugueses.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Hip & stylish
"On my recent trip to Lisbon I visited this hip shop in the Chiado district. A Vida Portuguesa is an old fashioned goods store selling traditional wares (soap, stationery... sardines) in a very stylish way. It has a lovely feel to it with ceiling-high vintage glass cabinets full of items wrapped in beautifully illustrated paper packaging and the most chic display of tinned fish I’ve ever seen.
Founder Catarina Portas set up the shop in 2007 when she realised some of the traditional products she grew up with were disappearing. It began almost as a way to save the packaging, but it has become more about building relationships with the producers. It's interesting to see that the grass roots movement of supporting and promoting and celebrating "local" is going on outside the UK as well." Caroline Kamp
Catarina Portas responde ao Q&A do blogue inglês INDIE OF THE WEEK.
"O Charme d' A Vida Portuguesa"
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