quinta-feira, 23 de maio de 2013

A saudade em Eduardo Lourenço



«Les Portugais sont tellement habités par le sentiment de la saudade qu'ils ont renoncé à la définir.

Au contraire, c'est sur elle qu'ils font reposer leur secret, ou l'essence de leur sentiment de leur existence, au point d'en avoir fait un "mythe".

Au fond, c'est cette mythification d'un sentiment universel qui donne à cette étrange mélancolie sans tragédie son vrai contenu culturel, et fait de la saudade le blason de la sensibilité portugaise.

Il reste à savoir pourquoi tout un peuple se reconnaît avec une délectation qui frise la complaisance, dans le miroir de cette mélancolie à la fois triste et heureuse qu'il nomme saudade.

Peut-être que seule une considération du "temps portugais" -celui de l'Histoire et celui de l'âme- nous donne la clef de ce petit mystère. La saudade elle-même nous y invite.

Qu'est-elle d'autre qu'une descente, comme celle d'Orphée, dans le labyrinthe du temps enseveli, pour saisir le visage, à la fois vivant et mort, du bonheur passé?»

Da apresentação do editor da Mythologie de la Saudade de Eduardo Lourenço. Disponível na nossa livraria online.



No dia em que Eduardo Lourenço apagou as 90 velas, Anabela Mota Ribeiro recuperou a entrevista que lhe fez em tempos:

"De como Hanna Arendt se apaixonou por Heidegger. De como a Natureza desperta, espasmódica, no coração da selva amazónica. De como a mulher o corrige conjugalmente por viver numa língua que não é a sua.

As brumas da infância. O desejo infinito de liberdade. A ferida de não ser um romancista. Os presuntos vendidos por mulheres ainda mais apetecíveis que os presuntos. O desencanto do mundo. O apetite de conhecimento, como o confirmou o sábio de Estagira. As visitas à irmã, carmelita. A atracção amorosa do mal. O orgulho, como único pecado contra o espírito. O futebol. O cinema. A Catarina Furtado, gentil criatura. O esplendor do caos.

Eduardo Lourenço, ouvido em Dezembro de 2003, no auditório do Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Adaptação da conversa mantida no decorrer do ciclo «Nós, a Cultura e Eu», comissariado por Guilherme Figueiredo."

terça-feira, 21 de maio de 2013

Vai apaixonar-se por Lisboa se...



"A capital de Portugal é feita à medida do homem, mas do homem cosmopolita. Tradicional mas projectada no futuro. Tem muitos rostos e todos eles são interessantes. Procura uma t-shirt ou malas únicas? Há uma loja sobre quatro rodas. Quer dançar a noite toda? O Bairro Alto tem a sua medida. E para comer bem, basta seguir o cheiro das sardinhas. (...)

... se for viciado no vintage mais glamoroso. (...) Seguindo rua fora, chega a "A Vida Portuguesa" (Rua Anchieta 11), a loja onde pode encontrar, hoje como há 50 anos atrás, sabonetes com nomes exóticos, perfumes em frascos retro, brinquedos de madeira e cestos de fibras naturais. Chiquérrimos!"

Manuela Soressi, "Donna Moderna".
Outubro de 2012, Itália.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Os Novos Navegadores

"Levam Portugal e a língua portuguesa aos quatro cantos do mundo. Joana Vasconcelos, Catarina Portas, Frederico Duarte, Pedro ferreira, Rita João e Rosa Pomar têm em comum a paixão pelo que é bem português, graças a eles, produtos do tempo das nossas avós ganharam nova visibilidade e fôlego. É a prova de que a tradição ainda é o que era e tem asas para ser muito mais!

O CHARME D' A VIDA PORTUGUESA. A loja A Vida Portuguesa nasceu em 2007, como resultado de uma investigação da jornalista Catarina Portas sobre antigos produtos portugueses que atravessaram gerações e que devem a sua longevidade à qualidade reconhecida internacionalmente. São produtos que mantiveram as suas embalagens originais, hoje tão apreciadas e acarinhadas. os sabonetes da Ach brito, as andorinhas de Bordallo Pinheiro, a pasta medicinal Couto e os lápis Viarco são artigos que Catarina Portas acredita que têm futuro e só precisam de alargar o mercado. (...) A Vida Portuguesa tem o mesmo cheiro que a casa das nossas avós! Faz uma visita às lojas e vê por ti: em Lisboa, na Rua Anchieta 11, e no Porto, na Rua Galeria de Paris 20. Espreita também em http://www.avidaportuguesa.com/ "

in jornal Montepio Jovem
número 4.

A menina do telefone

Mark Mitchell, um informático britânico, comprou um iphone. Abriu a caixa, ligou-o, começou a brincar com ele. A explorá-lo, como qualquer um de nós faria com uma máquina nova nas mãos. Até que experimentou a câmara fotográfica. E foi aqui que a história dele deixou de ser igual à nossa. Pois Mitchell descobriu que alguém, antes dele, tinha usado o seu telefone para registar meia dúzia de fotografias. No seu telefone por estrear guardavam-se dois retratos de uma rapariga chinesa, envergando uma farda branca com risquinhas cor de rosa, numa linha de montagem.

A rapariga ri simplesmente numa das fotografias. Noutra, com os duas mãos enluvadas, faz um v de vitória. Nas outras quatro fotografias, apenas a fábrica. A história tornou-se rapidamente conhecida quando “markm49uk” acedeu ao site“macrumours.com” e revelou a sua surpresa. Num instante, a busca foi lançada: quem é a rapariga? Soube-se que trabalha na FoxConn, uma fábrica em Shenzhen que monta iphones para a Apple. Os seus responsáveis não quiseram revelar o seu nome mas adiantaram que as fotografias tinham sido provavelmente um teste do equipamento e, por descuido, não tinham sido apagadas. Acrescentaram que o erro não implicaria qualquer despedimento, pois na verdade era apenas "a beautiful mistake”.

O erro tem de facto qualquer coisa de belo. Não é suposto que nome próprio algum assine uma máquina montada numa fábrica. Quando muito, se dermos por um papelinho minúsculo com um número de controle de qualidade, já chega. Mas ela não é um nome nem um número, é um sorriso. Diz: fui eu que fiz. E, num par de fotografias, toda a revolução industrial ganha um rosto. Faz sentido que cante vitória pois ela venceu o sistema.

No admirável mundo nosso que já não é novo e por vezes tem pouco para admirar, no qual as máquinas e pessoas tratadas como máquinas nos montam os aparelhos com os quais vivemos, já não há lugar para graças humanas como esta. Parece que só os aparelhos têm direito a exibir as suas gracinhas, as do novo sistema, das novas funções, das últimas tecnologias inventadas certamente por pessoas que adivinhamos engraçadas porque imaginativas mas que nunca saberemos quem são, também elas escondidas para sempre atrás de um único nome, o da marca.

Outra informação interessante que a FoxConn se apressou a comunicar à imprensa é que a rapariga não pretendia ser identificada. Mais, teria ficado tão aflita que a empresa até lhe oferecera um dia de folga para recuperar da emoção. Sorte a dela pois segundo um relatório do China Labor Watch, por ali os funcionários não costumam ter mais do que dois dias de folga mensais. Se excepções como esta se tornassem regra, se ao comprarmos um produto nos confrontássemos com o rosto de quem o fez, talvez isso até não fosse uma má ideia. Entre crianças a coser sapatos e jovens asiáticas exploradas até ao tutano a empacotar as t-shirts que compramos por quase nada, ficaríamos a conhecer melhor o mundo em que vivemos. Porque, para além do packaging e do marketing, lhe víamos o rosto."

Crónica de Catarina Portas para o Público de 13 de Setembro de 2008.

Vem isto a propósito de um artigo recente do New York Times. “As long as we keep paying companies to be unsustainable and unethical, they will be” - pois, é isto que acontece quando compramos uma t-shirt demasiado barata. Se os produtos que compramos trouxessem imagens de quem os produz e informação sobre as condições em que o fizeram, alguma coisa começaria a mudar no mundo. Pois já começou. Um dia, chegamos lá."

Cacilheiro de Joana Vasconcelos abriu as portas

"Forrado com um painel de azulejo gigante, o ferry lisboeta será transportado dentro de um navio cargueiro. Lá dentro, uma sala decorada com o material têxtil comum à obra da artista fará alusão ao ambiente doméstico, e, no primeiro andar, um deck, forrado a cortiça, albergará um palco e uma loja." Texto de Alexandra Carita, foto de Nuno Fox, Expresso. 12 de Fevereiro 2013.

A Vida Portuguesa marcar presença na loja do trafaria Praia, através de uma selecção dos nossos produtos feita por Joana Vasconcelos a partir da nossa oferta, constituida por marcas antigas e artesãos portugueses.




quinta-feira, 2 de maio de 2013

Hip & stylish



"On my recent trip to Lisbon I visited this hip shop in the Chiado district. A Vida Portuguesa is an old fashioned goods store selling traditional wares (soap, stationery... sardines) in a very stylish way. It has a lovely feel to it with ceiling-high vintage glass cabinets full of items wrapped in beautifully illustrated paper packaging and the most chic display of tinned fish I’ve ever seen.

Founder Catarina Portas set up the shop in 2007 when she realised some of the traditional products she grew up with were disappearing. It began almost as a way to save the packaging, but it has become more about building relationships with the producers. It's interesting to see that the grass roots movement of supporting and promoting and celebrating "local" is going on outside the UK as well." Caroline Kamp

Catarina Portas responde ao Q&A do blogue inglês INDIE OF THE WEEK.

"O Charme d' A Vida Portuguesa"

... entre "os novos navegadores que levam Portugal e a língua portuguesa aos quatro cantos do mundo". Foto tirada por Rosa Pomar ao jornal do Montepio Jovem.