sexta-feira, 26 de julho de 2013

Aldeia da Mata Pequena


Meia hora de viagem a partir de Lisboa é quanto basta para chegar a um pequeno paraíso rural, "tão perto da capital e tão longe do bulício urbano". Parte do Concelho de Mafra e da Zona de Protecção Especial do Penedo do Lexim, no poiso de um vulcão extinto que virou estação arqueológica, a Aldeia da Mata Pequena é um exemplo precioso da mais-valia do isolamento. Que corria o risco de se tornar em mais um amontoado de ruínas do interior desertificado não fosse o extremoso cuidado de um dos netos da terra, Diogo Batalha, movido pelo projecto final do curso que havia de o tornar gestor. Começou por desalojar uma figueira que se tinha instalado na casa da família e levou dois anos a recuperar dez dos edifícios do casario.

“Precisava que a aldeia fosse autêntica, verdadeira e que os habitantes ainda cultivassem as terras, os seus animais. Isso era uma mais-valia, não só para nós que habitávamos o sítio como para os nossos hóspedes”, explicou ao Dinheiro Vivo. "Este é o nosso contributo para a preservação da identidade saloia." E, porque os pilares da identidade são as memórias, recorreu aos relatos dos habitantes e lançou mãos à obra, mantendo o traço original e o charme rústico de outros tempos. Com a preocupação de linda e respeitosamente preservar um raro exemplo da Arquitectura Tradicional da Região Saloia, e onde agora não faltam os fornos de lenha, as camas de armação de ferro e os penicos à janela, entre móveis de antiquário e outros autênticos mimos decorativos.

Os vestígios de presença humana no lugarejo vão tão longe quanto aos dias dos romanos mas, depois de um pico populacional de 70 habitantes no século XIX, hoje em dia são apenas dezena e meia os teimosos que continuam a querer chamar-lhe casa - sem contar com as águias e raposas que aí convivem pacificamente, mais os pavões, os animais de criação ou o Cardoso, o cão da aldeia. As casas recuperadas oferecem alojamento para um fim-de-semana romântico, passeio com amigos ou ajuntamento familiar. Depois de pernoitar, o mata-bicho faz-se com o tão afamado quanto delicioso pão da zona, acompanhado de doces de fruta feitos ali mesmo. E aos fins de semana ainda é possível desfrutar dos petiscos da tasca local, entretanto aberta em permanência o ano inteiro.

Em tempo de férias e, para além do seu inegável charme, a aldeia beneficia ainda da proximidade da Tapada Nacional e do Convento de Mafra, do Sobreiro (aldeia do famoso escultor que importa redescobrir, José Franco), do património de Sintra e do mar da Ericeira. Garantida mesmo é uma experiência única, autêntica, bucólica. Não foi à toa que começámos por lhe chamar "paraíso rural".

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