terça-feira, 30 de julho de 2013

Do nosso amor à andorinha


Quando se lhe meteu na cabeça a ideia de criar A Vida Portuguesa, Catarina Portas não a concebia sem as andorinhas de cerâmica. As populares, mais rústicas, que nos chegam de Barcelos, e as mais refinadas para as quais Bordalo Pinheiro criou os moldes e que o povo abraçou espontaneamente (e muito mais amorosamente do que outros galos coloridos e impostos à força). Correu as lojas de Lisboa, mercearias, drogarias e não queria acreditar que tivessem desaparecido de circulação e das casas da gente, que é o primeiro passo para desaparecerem do imaginário colectivo.

Foi bater à porta da Fábrica de Faianças que o genial Rafael criou nas Caldas da Rainha, pediu-lhes que tirassem os moldes da prateleira e largassem novamente os pássaros negros em bandos, esses que fazem a Primavera o ano inteiro. E assim foi, concordando-se entre as duas empresas um exclusivo de produção, em quatro tamanhos diferentes, para a marca que a ex-jornalista fazia nascer.

E identificámo-nos com elas de tal forma, desde o primeiro momento, que não nos cansávamos de lhe contar a história nem podíamos pôr outra coisa no logotipo da casa. Ao longo destes seis anos, atirámo-las sobretudo às paredes, primeiro da loja de Lisboa, depois do Porto, depois ao mundo inteiro pela loja online. Mandámos andorinhas para Nova Iorque, Xangai, Brasil e elas voltaram a cair no goto de quem lhes põe os olhos em cima. Voltaram a voar mundo fora porque tinham ganho asas outra vez.



Foto de Catarina Portas nos bastidores da Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro.

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