quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fernando Pessoa, Empregado de Escritório

A última novidade literária nas estantes da nossa livraria chama-se "Fernando Pessoa, Empregado de Escritório". Aborda, de acordo com a editora Assírio & Alvim "(...) os reflexos da profissão na sua obra literária; a sua teorização sobre economia, comércio e gestão; ou alguns sugestivos apontamentos sobre a personalidade de quem foi, entre tantas outras coisas, um poeta ímpar e um competente correspondente de línguas em numerosos escritórios da Baixa lisboeta. Em suma, estamos perante uma obra que ajuda a sinalizar e a entender muito do universo concreto em que se situou e desenvolveu o génio criativo de Pessoa."

Com o escritório na Baixa e a loja no Chiado, A Vida Portuguesa percorre, quase sem se dar conta, os caminhos que tanta vez fez Fernando Pessoa. E que o Sol redescobriu, não há muito tempo. O Largo de São Carlos (onde nasceu), a Brasileira (onde ia tomar café), a Rua Garrett (onde abastecia de livros, na Bertrand), a R...ua dos Douradores (onde trabalhou e morou), o Martinho da Arcada (restaurante de eleição). E o Cais das Colunas que, como "todo o cais é uma saudade de pedra"...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uma fábrica que é um doce

Mesmo no centro do Funchal, perto da Sé e não muito longe do Mercado dos Lavradores, há uma instituição estimada e estimável que já leva muitos anos a seduzir gulosos. A Fábrica de Santo António foi fundada em 1893 por Francisco Roque Gomes da Silva, que haveria de ficar orgulhoso por saber que a família continua a zelar-lhe pelo negócio. O seu objectivo era produzir bolachas portuguesas, para rivalizar com as que existiam na altura na Madeira, de origem inglesa, como as de gengibre.

Nem de propósito, foi na Travessa do Forno (na esquina com a Rua 5 de Outubro) que decidiu instalar-se, num espaço reduzido mas bem aproveitado onde cabem fábrica, escritório e loja. Com as suas prateleiras antigas de madeira bem conservada, recheadas até não poder mais, que já viram passar tanta coisa doce...

Há o bolo de mel que tornou a casa famosa, em versão rica ou caseira, combinando o mel de cana com cidra, frutas secas, especiarias; aguenta até 18 meses e é apresentado numa bela embalagem de meio quilo. Há bolachas, que continuam a passar por uma máquina centenária; muitas, das versões mais clássicas como a Maria às mais modernas de preocupações dietéticas, como as de avelãs. Mais rebuçados, compotas deliciosamente embaladas e os sorvetes de fruta que só se podem provar aqui e que, por isso mesmo, sabem melhor ainda. Por isso, não se concebe uma ida ao Funchal sem passar pela Fábrica de Santo António. Até para quem não é guloso.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Uma grande ideia feita loja"

"Una grande idea hecha tienda. (...) A Vida Portuguesa está ubicada en la Rua Anchieta número 11 en el barrio lisboeta del Chiado, lo más parecido a la Milla de Oro que tienen nuestro vecinos lusos. Este proyecto nació de una investigación de la periodista Catarina Portas, sobre productos antiguos portugueses. Mi compañera de oficio decidió comercializar muchas de las cosas que usaba de pequeña y que habían desaparecido. Como ocurre en casi todos los sitios, los productos extranjeros se consideran mejores. Así se pueden encontrar artículos que conocen los lusos desde hace décadas, los que han mantenido su embalaje o en ella se inspiran o simplemente aquellos que se siguen haciendo artesanalmente." LG-J, Negocio & Estilo de Vida, 15 de Julio de 2010.

E novidades, não há?...

‎"O melhor papel higiénico do mundo é português" conclui o El Mundo, numa altura em que a Renova faz furor em Espanha.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

República viva

Crónica de Nuno Pacheco no Público, 2 de Agosto 2010: "Agosto é mais propício às praias, já se sabe, mas por algumas horas pode ser saudável subtrair o corpo aos raios solares e levá-lo até outras aventuras. Uma, inesquecível, corre o risco de ser desmesurada para a (escassa?) procura, mas é imperdoável perdê-la. Trata-se da exposição Viva a República! (1910-2010), acto maior do centenário e que ocupa na íntegra as instalações da Cordoaria Nacional, em Lisboa. Quem pensa tratar-se de um desfile fastidioso de bigodes, cartolas e chapéus de coco desengane-se.

A forma como foi concebida, se por um lado revela uma paixão indisfarçável pela revolução da "ideia", mostra ali também tudo o que contribuiu para acelerar o seu fim. Como uma sucessão de quadros num teatro, as várias alas da exposição fazem "desfilar" perante o visitante, dando a sensação de que elas próprias se movem e não apenas quem as vê e visita, uma República viva, repleta de pequenas histórias, nomes, lugares, cartazes, sons, filmes, declarações inflamadas e gritos de revolta, peças de oratória e manifestos eloquentes, caricaturas virulentas e sátiras mordazes a tudo e todos. Que num jornal como O Zé retratavam, com um desenho a condizer, a sessão parlamentar de uma certa quarta-feira de 1912 do seguinte modo: "Sôccos, bofetadas, pontapés, murros, cachações, caldos, galhetas, solhas, cervejas, estalos e um monoculo pelo ar! Ena rapazes! D'esta vêz é que foi trabalhar!"

E, claro, com caricatura ou sem ela, também as coisas da vida de todos os dias: em casa, nas escolas, nos espectáculos, nas ruas. Lá estão os cartazes das modas e os que vendiam cognac, os das touradas e os do boxe (com Max Fredo, o "rei do K.O." e o célebre e popular Santa Camarão), os dos teatros e das sessões de cinema no Chiado Terrasse. E a Orpheu, claro, Almada e Pessoa e os gritos das artes contra a já exposta falência dos políticos. E, a par das novas liberdades sociais e políticas, a humilhação dos padres e a expulsão dos jesuítas, o que levou a comparar Afonso Costa ao Marquês de Pombal (que, nem de propósito, viria a ganhar por via republicana uma estátua em pleno centro da Rotunda que, de lugar histórico do republicanismo se tornou depois, assim se mantendo hoje, Praça Marquês de Pombal).

E ainda os terrores da guerra, com os seus milhares de mortos e mutilados, as trincheiras da pesada derrota de La Lys e os minutos de silêncio pedidos a "homens de todas as crenças" para "glorificar" os que deram o seu sangue pela grandeza de Portugal". E, numa repetição fatal, os tumultos e revoltas, as trocas imparáveis de ministros e as greves, o descontentamento popular e a degradação progressiva do poder e do Estado.

São precisas várias horas, até porque é impossível desviar o olhar de muitos dos textos, escritos de forma clara e atractiva e expostos com mestria gráfica, mas vale a pena. Mais do que uma exposição, Viva a República! é uma sucessão de quadros vivos, impressivos, que aproxima a história do comum dos mortais. Quem a visitar, voltará outra vez. Só é pena que tal trabalho se perca e não fique, como merecia, para museu."

Nota: as lojas A Vida Republicana da Cordoaria e do Terreiro do Paço estão abertas até às 24h00, hoje e dia 12 de Agosto, fazendo companhia às exposições que complementam: "Viva a República!" e "Viajar - Viajantes e Turistas à Descoberta de Portugal no Tempo da Primeira República" respectivamente. Isto porque o Festival dos Oceanos veio animar a cidade e associa-se às comemorações do Centenário da República Portuguesa.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Direito de resposta

Na edição da Time Out de 14 de Julho publicou-se uma peça sobre a loja À Antiga Portuguesa, onde se encontra o seguinte parágrafo:

Com produtos entre os três e os 30 euros, esta é das únicas diferenças entre esta loja e “A Vida Portuguesa”, que habita no Chiado. Apesar de confessar já ter tido “problemas” com Catarina Portas, por causa do “conceito”, Maria Helena garante que “este tipo de loja já existe em Coimbra”. “A senhora pensa que é tudo dela, mas não é”, diz.

A Vida Portuguesa não tem qualquer “problema” com lojas que vendam produtos antigos portugueses, inspiradas ou não pelo nosso projecto. Quantas mais formos melhor, pois essa é a garantia da longevidade das marcas e produtos de que gostamos. E esse sempre foi o nosso principal objectivo. Fazemos aliás revenda dos nossos produtos exclusivos para muitas dessas novas lojas, com imenso prazer.

Foi o que aconteceu, durante algum tempo, para a loja “À Antiga Portuguesa”, em Cascais. Até ao dia em que percebemos que esta loja tinha copiado um dos nossos produtos exclusivos, as “Andorinhas Para Colar”, em versão colorida. Fomos até encontrá-las noutras lojas, em Sintra por exemplo: as mesmas duas folhas de sete andorinhas, com a mesma silhueta, o texto que eu escrevi em português e inglês – enfim tudo praticamente igual excepto a menção à marca que criou e comercializou este produto. A isto chama-se cópia ou contrafacção e com isso, sim, temos um “problema” (que foi entregue aos nossos advogados).

Pois gostávamos de viver num mundo onde as pessoas se esforçassem por ser um pouco mais originais e, já agora, respeitassem a criação dos outros. Neste caso, uma ideia de Maria Antónia Linhares de Lima, com design de Paulo Seabra e texto meu. Para não deixar mentiras à solta, parece-me justo que esta correcção seja publicada. Muito obrigada. Catarina Portas

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Agosto em Alfama

"Perca-se nas ruelas de Alfama". A Time Out Lisboa andou à caça de sugestões para fazer de Agosto o "mês perfeito" na capital. A contribuição de Catarina Portas: "nas noites de calor gosto de pura e simplesmente andar por Alfama. Gosto de me deixar ir e perder-me, sozinha ou acompanhada. Alfama transforma-se numa espécie de labirinto branco nessas noites." A Time Out sugere que aproveite ainda para parar em bares como o Bela (Rua dos Remédios 190) ou o Tejo Bar (Beco do Vigário 1).