quarta-feira, 30 de junho de 2010
Empresários imprevistos
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Dá cá um balão
O São João já foi sinónimo de tradição tripeira. Agora festeja-se um pouco por todo o país, ilhas incluídas. No Funchal por exemplo, este ano voltaram a haver marchas por bairros populares, regadas a poncha e cidra, a acompanhar o picado (cubos de carne de porco temperadas com vinha d'alhos e fritas, servidas com um palito ou a rechear sandes). Mas porque gostamos de ir beber à fonte, quisemos saber da nossa loja do Porto como se fazem por ali os festejos. E aqui deixamos os costumes dessa noite (entre as mais longas que se vivem na cidade, senão a mais longa, sem dúvida a mais castiça), nas palavras da Francisca Alves Costa:
"Não só no Porto antigo mas em todos os bairros, as pessoas trazem os fogareiros para a rua e assam sardinhas, pimentos, chouriço e entrecosto, que são acompanhados de broa e binho berde. Também há caldo verde, normalmente servido em loiça de barro e fogaças (uma espécie de pão doce).
Montam-se as cascatas, que são verdadeiras aldeias em miniatura com casas, pontes, pessoas, animais e igreja. Fazem-se fogueiras nas ruas, que toda a gente quer saltar. Os bailaricos invadem a cidade. Também temos os manjericos com quadras e, claro, o fogo de artifício.
Os martelos de plástico colorido (uma invenção não muito antiga), servem para dar marteladas na cabeça de toda a gente, naquilo que se tornou uma brincadeira colectiva. Mas há quem prefira dar a cheirar o alho porro ou os molhos de cidreira aos narizes de quem passa. O ar depressa fica impregnado deste cheiro.
O céu cobre-se de pontos de luz, que são os lindos balões de São João e canta-se "São João, São João, dá cá um balão para eu brincar!..." O lançamento de um balão é sempre uma emoção: as pessoas fazem uma roda e seguram-no o mais delicadamente possível até ele subir. Quando chega lá acima, as pessoas gritam e batem palmas de alegria. Quando o balão arde ouve-se sempre um coro de “HOOOO!!!” E, ao fim da noite, os mais corajosos acabam na Foz a dar um mergulho no mar."
Nota: fotografia de Joana Bourgard extraída da galeria de imagens do Jornal de Notícias.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Feitoria
Recomendamos vivamente, a quem passar pelo aeroporto de Faro, uma visita à Feitoria. Uma loja criada por Alexandra Melo, especializada em artigos portugueses, sobretudo artesanais e tradicionais, e que também revende alguns dos nossos produtos. Comércio delicado, que começou como um espaço virtual e já adquiriu uma presença física no Algarve.
"As Feitorias eram um dos postos avançados do império colonial português, representando ao mesmo tempo os interesses político-militares da Coroa e os interesses comerciais da nação. Essas agências serviam de mercado para troca de produtos e de base militar para a expansão territorial." Esta Feitoria, dos dias de hoje, pode orgulhar-se de percorrer o país, de lés alés, à procura daquilo que é nosso. Pelo elogio do trabalho artesanal, do talento manual que urge preservar.
Dias de praia
Portugal em voga
A revista Vogue de Julho traz um especial "Made in Portugal", com "o que de melhor se produz no país". E, como não podia deixar de ser, vieram abastecer à nossa loja. Levaram as andorinhas de Bordalo Pinheiro, artigos de perfumaria (A Lavanda Ach Brito, a pasta Couto, a vela Águia da Claus Porto, o creme Benamor e os sabonetes Costa do Sol e Camélias de Sintra), outros para a casa (cera Encerite em versão alfazema, a flor de sal da Ria Formosa, o atum Risonho e o azeite Triunfo) e o clássico caderno Emílio Braga (provavelmente para assentar notas e ideias). O resultado final só podia ser de encher o olho...
segunda-feira, 14 de junho de 2010
A Vida Republicana
A Vida Portuguesa abriu uma nova loja. Trata-se de uma loja temporária que complementa a exposição “Viva a República!”, na Cordoaria Nacional em Lisboa, a mais importante e extensa exposição incluída nas Comemorações Oficiais do Centenário da República. “A Vida Republicana” reune produtos portugueses da época, apresenta reedições de produtos rebublicanos especialmente concebidos para a ocasião, e inclui ainda uma livraria temática.
Inaugurou no passado dia 18 de Junho “Viva a República!”, a principal exposição comemorativa do Centenário da República em Portugal. Comissariada por Luís Farinha e cncenada com esmero pelo Atelier Henrique Cayatte, aborda tematicamente, em 10 núcleos distintos, as particularidades do regime político que passou a ser o nosso desde 5 de Outubro de 1910. Está patente na Cordoaria Nacional, Avenida da Índia em Lisboa, até Outubro de 2010. A inauguração contou com a presença de inúmeras figuras públicas, incluindo a do primeiro ministro José Sócrates.
O convite foi endereçado pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (CNCCR) a Catarina Portas, a proprietária das lojas A Vida Portuguesa. Foi um desafio que acolhi, logo de início, com entusiasmo. Pois acredito que o consumo também pode ser um acto de conhecimento e cultura – além de um gesto político.
A reedição de produtos de época ou a produção de objectos de consumo inspirados por este tema pode ser também uma forma de sensibilizar, recordar e dar a conhecer a história de um país. E, dadas as características do tema “República”, gostaria de acreditar que estes objectos poderão ser capazes de contribuir para incitar à reflexão e alimentar um sentimento de cidadania, indispensável a uma democracia plena e participada.
Investiguei os arquivos de várias fábricas e empresas com as quais trabalho regularmente como a Ach Brito (reeditaremos fielmente o sabonete República de 1910), a Bordalo Pinheiro (que recuperou o molde original do cinzeiro “Viva a República” para a sua reedição) ou a CRERE – Museu do estuque (que guarda o espólio dos estuques da Oficina Baganha onde se incluía um busto da figura da República, agora à venda em dois tamanhos). Também há uma placa publicitária em metal, reproduzindo um delicioso anúncio de época, e até, um “Bigode Republicano”, especialmente dirigido ao público infantil.
A imagem da loja, tal como a criação de alguns produtos inspirados pela iconografia republicana ( uma colecção de 3 canecas, por exemplo) foram desenvolvidos em colaboração com o reconhecido designer gráfico Ricardo Mealha.”
A Vida Portuguesa estreia-se assim na criação de espaços com objectivos mais direccionados, adequados a temáticas que lhe são caras, com produtos feitos à medida. Também pesou na decisão o facto de poder fazer encomendas a várias empresas portuguesas, aumentando a facturação das mesmas em época de crise. Os encargos financeiros inerentes ao desenvolvimento e fabricação dos produtos são suportados pel’ A Vida Portuguesa, que os comercializa ainda nas lojas de Lisboa, do Porto e online. E que é responsável ainda pela livraria, que apresenta uma selecção de obras sobre a República e a sua época, com muitas curiosidades.
Catarina Portas recomenda vivamente a visita a uma exposição como é raro fazer-se em Portugal, extensa, bem investigada e excelentemente apresentada sobre um período crítico mas importante (e quase sempre tão mal conhecido) da nossa história recente. Pois acreditamos que conhecer a história é aprender com ela, com os seus erros inclusive, para nos podermos governar melhor.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
O milagre lisboeta
"No sábado passado, fui à procissão. Eram cinco horas de uma tarde abafada quando ela saiu da Igreja de Santo António, junto à Sé, e se enfiou pelos “becos, escadinhas, ruas estreitinhas” como canta a Carminho na “Marcha de Alfama”. A abrir o cortejo, para que não haja dúvida que o ano é o de 2009, um casal de agentes fardados nas suas segways, como dois cavaleiros do futuro. Atrás, seis andores e uns milhares de pessoas. Lá vem o Santo António, sobre um jipe dos bombeiros, e mais os seus vizinhos do bairro, carregados em ombros: São Miguel, São João, Santo Estevão, São Vicente e Santiago, imagens antigas e douradas, vindas de cada uma das igrejas do bairro de Alfama. Os pendões agitam-se, acompanhando o som tonitruante e dolente da banda filarmónica, atrás das fardas luzidias o Núncio Apostólico marcha também exibindo nas mãos uma relíquia de Fernando de Bulhões que se fez António em 1220.
Os escuteiros pressurosos tentam manter organizada esta mole humana que, como uma serpente, se estica ou se alarga, consoante as vielas do labirinto branco que é o casario de Alfama. Caminham na procissão alguns pés descalços sobre as pedras da calçada que na noite anterior viram rolar garrafas e derramar cerveja. Hoje, são pétalas que chovem sobre o Santo António, atapetando delicadamente o chão. Com os festões suspensos no ar e as colchas coloridas nas janelas, o bairro parece uma sala rica em dia de festa, engalanada e exuberante. E a gente, é tanta gente e tão concentrada neste gesto. Quem sai à rua nesta dia, a passear com o Santo António? Sai o bairro, claro, que procissão é tradição, e ocorrem devotos da cidade e arredores. Há pobres e ricos, homens e mulheres, muitos velhos e muitos jovens, portugueses ou nem por isso, numa amostragem tão vasta quanto surpreendente nos dias que correm. Trazem velas ou terços nas mãos, um credo no coração ou simplesmente a curiosidade no olhos. Mas lá vão eles, caminhando pela tarde quente, percorrendo o labirinto, repetindo em coro, compenetrados, as palavras “ Santo António de Lisboa, abençoai a nossa cidade” (e também “Santo António de Lisboa abençoai os nossos governantes”).
É diante da Sé, onde desagua toda esta gente, que se alinham os andores e fala o sumo sacerdote da ocasião. No final, quando cada uma das imagens regressa a casa, encaminhando-se para a sua respectiva igreja, também Santo António começa a descer a ladeira. E é nesse momento, quando todos os olhares o seguem, virando-se para baixo e recebendo o sol de frente que acontece o milagre: dezenas de rostos levantados para o sol, lacrimejam, entre silêncio e burburinho. Uma senhora, africana luzidia e exultante, descreve-me o que viu: Santo António no ceú e os anjos todos esvoaçando em seu redor. No ano passado, não conseguira mas neste, sim. A vizinha teve menos sorte, só viu o sol a balouçar, como um barquinho. Talvez para o ano…
Eu, a grande descrente, também vi o milagre. Também lá estava o Santo António, balouçando numa procissão de um outro século a atravessar os meus dias."
Crónica de Catarina Portas para o Público de 20 de Junho de 2009.
O álbum fotográfico da procissão está disponível aqui.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Trono de Santo António
Santo António nasceu português, junto à Sé de Lisboa, em 1195, com o nome de Fernando Bulhão. Estudava em Coimbra quando se fez frade franciscano em 1220 e escolheu o nome António. Rapidamente se fez notar pelo seu talento de pregador, tendo partido para Itália onde viria a falecer em Pádua em 1231, após uma brilhante carreira como professor de Teologia. Canonizado um ano após a sua morte, já no séc. XIII era patrono de mais de 40 igrejas em Portugal, tornando-se no séc. XVI o santo nacional português.
A figura deste homem que foi douto e bom cedo foi apropriada pela piedade popular que viu no santo um amigo e protector, fazendo dele padroeiro casamenteiro e, mais curioso, pedindo-lhe auxílio para reaver os objectos perdidos. É celebrado particularmente em Lisboa, a 13 de Junho, com uma antiga procissão que atravessa o bairro de Alfama, mas também de forma menos sacra, com arraiais nas ruas da cidade, com o desfile das marchas populares dos vários bairros de Lisboa e, claro, com a montagem dos tronos de Santo António, e a oferta dos característicos manjericos enfeitados com cravos de papel e quadras populares. Como neste trono, um exclusivo da marca A Vida Portuguesa que é um "Kit para Montar um Altar Popular" com tudo o que precisa para lhe prestar tributo. Faça você mesmo, seja crente ou não, de forma colorida e afectuosa.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
A festa mais catita
É a festa lisboeta mais antiga e mais catita: n' A Vida Portuguesa gostamos particularmente do Santo António, esse santo douto e bom, padroeiro popular dos amores e milagreiro dos objectos perdidos. Para celebrar devidamente a tradição, temos tudo o que é preciso para a ocasião na mais apurada versão: balões e festões, grelhas e abanicos, material para piqueniques de rua e, claro, tronos e manjericos. Com votos de bela folia, aqui deixamos algumas imagens do Santo António de outros anos...
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Porto de descoberta
A Vida Portuguesa do Porto associa-se à Bluedragon e às suas visitas guiadas (a pé, de bicicleta ou de segway) "que exploram os monumentos, lugares emblemáticos e os mais belos recantos da cidade Invicta". Em inglês ou português, estas visitas destinam-se tanto aos visitantes como aos habitantes - que querem descobrir o que a cidade tem de novo ou reviver encantos entretanto esquecidos.
Pela parte que nos toca, contribuímos abrindo as nossas portas e contando as histórias por detrás de alguns dos nossos produtos mais emblemáticos. A partir de hoje. Tel.: 927 801 155. bluedragoncitytours@gmail.com
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Sempre na moda
Mais um ano, mais uma edição Chiado na Moda. E mais uma vez A Vida Portuguesa se associa a esta iniciativa, com um balcão exterior no "Mercado da Moda" da Rua Anchieta, que estará em funcionamento entre amanhã (quinta-feira) e sábado e um horário alargado (das 10h00 às 22h00). O Chiado na Moda inclui ainda desfiles, conferências, exposições, tertúlias e arte na rua (música e dança), tudo organizado pela Junta de Freguesia dos Mártires. Para quem o importante é "dar a conhecer uma Lisboa renovada e moderna e assente na mais profunda tradição das ruas luminosas do Chiado".
Não é surpresa para ninguém a relação apaixonada que A Vida Portuguesa tem com este bairro. Aos nossos olhos, o Chiado nunca esteve fora de moda. Ou como explica Catarina Portas: "o Chiado é, desde há séculos, a zona comercial mais nobre e chic de Lisboa. Dizia num poema a Fernanda de Castro: o Chiado dos ourives, dos chás e dos livreiros. E o escritor Ramalho Ortigão chamou à Rua Garrett a ladeira vaidosa. Fernando Pessoa que nasceu aqui, diante do teatro de São Carlos, disse que o Chiado era a minha aldeia. Aqui estiveram sempre os melhores comerciantes da cidade, os mais audaciosos e os mais exaustivos. Cada uma destas lojas tinha uma personalidade. E acredito que o Chiado deva manter esse tipo de comércio especializado e original e não transformar-se apenas num centro comercial gigante ao ar livro repleto de lojas de cadeias internacionais ou nacionais todas iguais. A mistura destes dois tempos e mundos é imprescindível."
"O Chiado é perfeito, foi aqui que decidi logo começar a procurar. Procurava uma loja antiga, pois vendo produtos antigos portugueses. E esta é uma zona comercial antiga e espantosa onde foi possível encontrá-la. Procurava também um lugar acessível a um público muito misto e esta zona é perita nisso: tem as lojas de tradição belíssimas (a Luvaria Ulisses ou a Ourivesaria Aliança por exemplo) mas também as novas marcas, os cafés mais célebres da cidade, a Escola de Belas Artes, a Ópera (o Teatro de São Carlos), o Teatro São Luís, etc. O nosso objectivo era também ajudar a renovar esta zona, mas fazendo-o a partir de dentro uma loja antiga, com produtos antigos mas um novo olhar sobre eles e uma nova atitude comercial mais dinâmica."
"Abrimos em Novembro 2006. Quando chegámos a esta rua, ela era uma rua esquecida e adormecida. Desde então, abriu um restaurante (New Wok) e um café (Kaffehaus), um restaurante antigo deliciosamente decadente renovou-se (Belcanto). Uma loja com um conceito novo, cosméticos bio, inaugurou há pouco. E até a antiquíssima Livraria Bertrand decidiu transformar uma parte do seu armazém num outlet de livros, aberto às sextas e sábados. Decididamente, esta zona está a agitar-se e o Chiado está a alargar-se. Há mais mundo para além da Rua Garrett!"
Imagens antigas digitalizadas a partir de "O Bilhete Postal Ilustrado e a História Urbana de Lisboa" de José Manuel da Silva Passos, Editora Caminho.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Criança todos os dias
A Vida Portuguesa festeja o dia da criança com um desfile de brinquedos que nunca passam de moda. Porque afinal, somos todos crianças. Mais ou menos espigadotes, mais ou menos reguilas... Continuamos a apreciar as coisas que nos viram crescer e continuamos a crescer com elas.
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