terça-feira, 26 de outubro de 2010

O elogio da Ach. Brito

"Como evoluíram as marcas portuguesas nestes cinco anos? Na primeira fase, quando comecei a ir às fábricas, a perceber o que eram, o que vendiam, se existiam, a primeira pessoa que percebeu exactamente o que eu queria fazer foi o José Fernandes, da Ach. Brito. Cheguei lá com um caixote de fruta com uma palha de madeira, os produtos em cima, com uma cobertura péssima, tudo aquilo com um mau aspecto inacreditável... Eram as primeiras caixas. (Risos) Mas eu lá consegui explicar-lhe e ele acreditou naquilo. A Ach. Brito foi a primeira fábrica em Portugal a ter uma ideia muito, muito clara do valor que tinha o seu arquivo para penetrar no mercado internacional de luxo actual. No fundo, o que têm em arquivo é aquilo que os diferencia de qualquer marca que nasça hoje. Eles têm mais de 110 anos de experiência.

E, além de anos de experiência, têm um know-how como poucos... Sim, a Ach. brito é uma fábrica farol no universo das fábricas antigas. Algumas perceberam um bocadinho do potencial dos seus produtos graças a nós. As andorinhas do Bordallo, por exemplo. Quando lá fui falar com eles, tinham mudado de moldes cinco vezes nos últimos cinco anos, tinham feito uma dezena de andorinhas, não mais do que isso. Eu sempre gostei muito das andorinhas, prefiro-as ao galo de Barcelos, acho que nos simbolizam melhor, acho que são mais antigas, acho que foram adoptadas pelo povo enquanto o galo foi-nos imposto por um regime. Eu gosto muito das andorinhas como ícone e, por isso, propus o exclusivo à Bordallo. No primeiro ano, vendemos cinco mil andorinhas; este ano espero chegar às dez mil. Diria que as fábricas estão muito mais alerta para este potencial, acho - e isto é que é muito importante dizer - que estas fábricas e estas marcas têm completamente hipótese."

Excerto da entrevista de Catarina Portas à revista Sábado. Fotografias de Sara Martins tiradas na loja do Porto. Em cima: sabonetes "Claus Floral". Em baixo: sabonetes "Lisboa à Noite", um exclusivo Ach. Brito para A Vida Portuguesa.

Sem comentários: