segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Marcas com História

"Desvendaram-se segredos de sucesso, como a inovação, a qualidade e a consistência. E contaram-se histórias de outros tempos. Sabia que o fundador da Licor Beirão pediu dinheiro emprestado para publicidade e andou de balde na mão a colar cartazes à beira das estradas? Ou que a farinha 'Branca de Neve', a primeira com fermento, era oferecida a quem fosse ao teatro? E que há produtos portugueses, especialmente os manufacturados, que podem morrer porque mais ninguém os sabe fazer? (...)

Entre um painel de convidados, moderado pelo jornalista António Perez Metelo, que incluía José Redondo, sócio-gerente da Licor Beirão, e António Trigueiros de Aragão, o homem por trás das farinhas Branca de Neve (e o vice-presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida), formou-se consenso em torno da "onda positiva" que nesta altura envolve os produtos nacionais e da necessidade de potenciar este ambiente favorável para levar os consumidores portugueses a preferirem o que é nacional, sobretudo nesta altura em que é necessário apostar na exportação e diminuir as importações.

Catarina Portas contou como é que uma investigação acabou num negócio que está a crescer e que é procurado por grandes empresas estrangeiras. Em 2004 comecei a ver as mercearias desaparecerem e com elas alguns dos produtos portugueses que conhecia, disse. Doze anos antes, segundo contou, era ela jornalista na extinta revista Marie Claire quando fez um trabalho com Miguel Esteves Cardoso, em que ele elegia vários produtos nacionais. Naquele ano, Catarina decidiu fazer um levantamento para perceber quais desses produtos ainda estavam no mercado.(...)

Para Catarina Portas o preocupante é que alguns produtos tipicamente portugueses vão deixar de existir a curto prazo. Fala, sobretudo, de manufactura e artesanato. Quase todos os dias vendo um cobertor de papa e só há um senhor em Portugal a fazê-lo. Tem mais de 80 anos, sei que um dia este produto vai deixar de existir, refere. Por isso, deixa uma recomendação para os mais jovens desempregados que se queixam em manifestações por não terem trabalho: Pensem na manufactura portuguesa. E salienta a falta de empreendedorismo de muitos portugueses e o facto de outros se limitarem a copiar os negócios que já existem. A empresária começou por abrir uma loja no Chiado, depois outra no Porto. Abriu quiosques de Lisboa, (que tinham sido votados) ao abandono, e vende produtos online para o mundo inteiro. Factura aquilo que, segundo diz, nunca pensou nem nos meus sonhos mais selvagens. Sonhos que valem dois milhões de euros."

O debate onde se discutiu o passado, presente e o futuro das marcas portuguesas na íntegra, texto e vídeo no Diário de Notícias.

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